Dieta low carb pode ser vilã do emagrecimento e aumentar risco de diabetes, aponta estudo
O estudo aponta que restringir o consumo de carboidrato e exagero no consumo de gordura ajuda no aparecimento de doenças

A dieta low carb, famoso estilo de alimentação conhecido pela redução da quantidade de carboidratos e aumento das proteínas e gorduras saudáveis, tem como resultado o emagrecimento, mas, surpreendentemente pode vir acompanhado de doenças como a diabetes, é o que aponta a pesquisa publicada no periódico Diabetes and Metabolic Syndrome.
Isso porque, as dietas desbalanceadas, com escassez do macronutriente, estão por trás do aumento do risco de diabetes tipo 2 – doença crônica quando o corpo já não consegue produzir ou usar insulina de forma adequada. Para obter essa conclusão, os cientistas da Austrália avaliaram dados de 39.185 adultos, vindos de um outro grande estudo da década de 1990 para investigar o papel do estilo de vida em doenças crônicas, o Melbourne Collaborative Cohort Study (MCCS).
Informações sobre atividade física, alimentação, medidas de circunferência abdominal e índice de massa corporal (IMC) cruzaram com diagnósticos médicos. Com o resultado, foi possível perceber um elo entre a restrição de carboidrato, aliado ao consumo exagerado de gorduras e proteínas, além de pouca ingestão de fibras, levando a uma maior probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2. A doença contribui para males cardiovasculares e danos aos olhos.
O resultado da pesquisa reforça sobre o perigo de seguir as dietas que estão na moda, sem qualquer indicação médica. Para a nutricionista Daniela Boulos, a exclusão do carboidrato, muitos vezes visto como o vilão na alimentação, pode dá a falsa impressão de emagrecimento. “Mas, para emagrecer de fato, é necessário haver déficit calórico, ou seja, a menor ingestão de calorias em relação ao que se gasta”, diz.
E cortar o nutriente da dieta por conta própria não necessariamente ajuda. “O que costuma ocorrer é a perda de água”, explica Daniela Boulos. “Isso porque o carboidrato retém líquido nas células, gerando o glicogênio muscular, que é nossa reserva energética.” Os números na balança até tendem a apontar para baixo, mas não significa que o resultado é saudável.
“Dietas restritivas também costumam prejudicar a relação com a comida”, avisa Carla Muroya, nutricionista do Programa Obesidade e da unidade Check-up do Hospital Israelita Albert Einstein. Esses modelos alimentares impactam social e culturalmente e podem provocar mudanças comportamentais que, em casos extremos, aumentam o risco de transtornos alimentares.
Por isso, é importante pensar em uma alimentação equilibrado, onde é possível dar espaço para todos os alimentos. A recomendação dos órgãos de saúde é consumir pelo menos cinco porções diárias de vegetais, incluindo as frutas. Quanto mais colorido o prato, melhor!