Estudo demonstra que alimentação saudável é inacessível a mais de um terço da população
Segundo Maximo Torero, economista-chefe da FAO, o impacto econômico das crises recentes foi mais severo em países de baixa renda

Com a crescente oferta e acessibilidade de alimentos ultraprocessados, a compra de itens saudáveis, como frutas e legumes, tornou-se um luxo inacessível para bilhões de pessoas. Essa realidade, segundo um relatório da FAO, agência da ONU para Alimentação e Agricultura, permanece um desafio global sem solução à vista.
Em 2022, a FAO constatou que 35,4% da população mundial (2,826 bilhões de pessoas) não conseguiu acessar uma alimentação saudável. Embora essa porcentagem tenha apresentado uma leve queda em relação a 2019, quando era de 36,4%, a melhoria é mínima e desigual.
Segundo Maximo Torero, economista-chefe da FAO, o impacto econômico das crises recentes foi mais severo em países de baixa renda. Ele destacou que enquanto nações com médio e alto poder econômico conseguiram retornar aos níveis pré-pandêmicos, os países de menor poder aquisitivo registraram os piores índices desde 2017.
A África lidera como a região mais afetada, com 64,8% da população sem acesso a alimentos saudáveis. Na Ásia, a taxa chega a 35,1%, enquanto na América Latina e Caribe atinge 27,7%. A Oceania apresenta uma proporção de 20,1%. Em contraste, na América do Norte e na Europa, apenas 4,8% da população enfrenta o mesmo problema.
Além disso, a FAO também revelou os impactos financeiros globais das dietas inadequadas em outro estudo recente. Os chamados “custos sanitários ocultos” associados a maus hábitos alimentares, como diabetes, câncer e doenças cardiovasculares, geram perdas anuais de 8,1 trilhões de dólares devido à redução na produtividade e aos gastos com saúde.