A busca pela imortalidade, tema recorrente na mitologia e na ficção científica, encontra eco em organismos reais que desafiam o envelhecimento. Esses seres, considerados biologicamente imortais, intrigam a ciência por sua capacidade de viver indefinidamente, desde que protegidos de predadores, doenças ou mudanças ambientais drásticas. Pesquisadores estudam essas criaturas para desvendar mecanismos que podem revolucionar o entendimento sobre o envelhecimento humano.

A planária, um verme platelminto encontrado globalmente, é notável por sua capacidade de regenerar células-tronco ilimitadamente. Estudos da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, apontaram que planárias que se reproduzem de forma assexuada conseguem rejuvenescer seu DNA. Isso ocorre devido à produção abundante de uma enzima que protege suas células do envelhecimento, sugerindo uma longevidade potencialmente infinita. Essas características tornam a planária um objeto central nas pesquisas sobre regeneração celular.

Outro organismo fascinante é a hidra, um invertebrado de água doce com habilidades regenerativas excepcionais. As hidras possuem um corpo composto quase exclusivamente por células-tronco autorrenováveis, o que pode explicar sua resistência ao envelhecimento. Pesquisas recentes indicam que essas criaturas conseguem controlar os “genes saltadores”, elementos genéticos que causam mutações. Enquanto em humanos esses genes perdem controle com o tempo, as hidras mantêm sua repressão, contribuindo para sua longevidade.

A água-viva Turritopsis dohrnii, conhecida como “imortal“, apresenta um fenômeno único: a transdiferenciação. Esse processo permite que células adultas se transformem em outros tipos de células, possibilitando que a água-viva volte ao estágio de pólipo quando submetida a estresse. Além de rejuvenescer, ela também gera clones geneticamente idênticos, multiplicando-se enquanto reinicia seu ciclo de vida. Essa habilidade surpreendente continua sendo um mistério para a ciência.

Esses organismos desafiadores da mortalidade têm inspirado avanços no estudo do envelhecimento e regeneração celular. Embora ainda distantes de aplicações diretas na medicina humana, eles oferecem pistas sobre mecanismos biológicos que podem, um dia, transformar a forma como compreendemos e enfrentamos o envelhecimento.