A insônia, caracterizada por noites em claro e dificuldade em dormir, vai além de um problema psicológico, como frequentemente se acredita. Uma pesquisa envolvendo 113 mil pessoas revelou que o distúrbio pode estar relacionado a sete genes específicos. Essas alterações genéticas afetam a transcrição do DNA, processo crucial para a produção de proteínas que regulam o metabolismo e as funções cerebrais. Isso sugere que há uma base biológica para a dificuldade de dormir enfrentada pelos insones.

Entre os genes identificados, o MEIS1, previamente associado a outros transtornos do sono, como a Síndrome das Pernas Inquietas, desempenha um papel importante. Além disso, os pesquisadores descobriram que as mesmas alterações genéticas ligadas à insônia também influenciam doenças mentais como ansiedade, depressão e neuroticismo, reforçando a ligação entre o distúrbio do sono e a saúde mental.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que mais de 35 milhões de brasileiros sofrem de insônia, com uma predominância maior entre as mulheres. Segundo o especialista em medicina do sono Daniel Inuoe, isso pode ser explicado pela maior incidência de condições como ansiedade, depressão e fibromialgia no público feminino, todas elas associadas à insônia.

Os critérios para diagnosticar a insônia incluem levar mais de 30 minutos para adormecer, dormir menos de seis horas em pelo menos três noites por semana e manter esse padrão por mais de três meses. Esse quadro pode impactar significativamente a qualidade de vida, contribuindo para um ciclo de saúde mental fragilizada.

Compreender as bases genéticas e metabólicas da insônia abre caminhos para novos tratamentos e intervenções direcionadas. Ao reconhecê-la como uma condição multifatorial, envolvendo fatores biológicos e ambientais, é possível oferecer suporte mais eficaz aos milhões de indivíduos afetados pelo problema.