Até o início dos anos 2000, a televisão brasileira era marcada por poucas restrições de conteúdo, o que permitia a exibição de comerciais controversos, incluindo os de cigarros. Esses anúncios, que hoje são apenas lembranças distantes para muitos, desaparecem gradualmente dos intervalos comerciais, mas pouca gente sabe o que levou a essa mudança drástica.

Na primeira metade do século XX, era comum encontrar propagandas que associavam marcas de cigarro a médicos, uma estratégia que conferia ao produto uma aura de confiabilidade. Frases como “Médicos preferem Camel” ou “Mais médicos fumam Lucky Strike do que qualquer outra marca” eram exibidas ao lado de imagens de profissionais de jaleco branco, sugerindo que o tabaco era uma escolha segura e até benéfica para a saúde.

Algumas campanhas iam ainda mais longe, promovendo o cigarro como uma solução para desconfortos respiratórios. Os anúncios afirmavam que fumar ajudava a aliviar a irritação na garganta, um paradoxo assustador considerando que, décadas mais tarde, o tabaco seria identificado como uma das principais causas de doenças pulmonares e cardiovasculares.

Além de apelos à saúde, as empresas do setor exploravam outros temas para atrair consumidores. Propagandas associavam o ato de fumar a ideias como glamour, sofisticação e liberdade feminina. Na época, o cigarro era vendido como um símbolo de emancipação, especialmente para as mulheres que buscavam se afirmar em uma sociedade em transformação.