Após fortes chuvas, parte da região conhecida pelo aspecto árido e por ser uma das mais quentes do mundo, ganhou um cenário diferente. Dessa vez, a paisagem do deserto do Saara oscila com um tom de verde e a formação de pequenos lagos. O motivo é que as precipitações registradas nos últimos dias foram cinco vezes maior que a média esperada para o mês de setembro.

É possível notar as mudanças na paisagem através de imagens de satélites. E apesar de curioso, a novidade não traz boas notícias. As fortes chuvas no Saara podem indicar alterações climáticas em andamento. Cientistas não tem uma explicação para essa oscilação neste ano, mas traçam hipóteses, entre elas, o calor intenso no Oceano Atlântico Norte, que aumenta a diferença de temperatura entre os hemisférios, e as mudanças climáticas.

Os pesquisadores também relataram mais de 38 mil episódios de chuvas intensas no Saara, parte delas, 30% ocorreram no verão. A chuvas caíram como consequência de um ciclone extratropical, incomum na região. Um dos resultados das chuvas frequentes é a maior formação de vegetação no deserto. Também há relatos de inundações provocadas no Marrocos, o que causou danos em estradas e interrupção no serviço de energia e água. 4 milhões de pessoas podem ter sido afetadas em 14 países, segundo Programa Alimentar Mundial da ONU.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mudanças climáticas são uma das emergências de saúde mais urgentes da atualidade. O Saara tem mais de 9 milhões de quilômetros quadrados. Toda a extensão do deserto é marcada por clima quente e seco, está localizado sob uma crista subtropical, um sistema permanente de alta pressão. A presença da crista faz com que o ar desça, o que torna a atmosfera seca e estável e evita a formação de nuvens e, consequentemente, de chuvas.

Deserto do Saara no dia 10 de setembro, após chuvas. É possível ver o verde e a formação de lagos / reprodução NASA