Em crise, Japão reduz jornada de trabalho para incentivar pessoas a terem filho
Além da redução da carga horária, o governo japonês está ampliando investimentos em infraestrutura de apoio às famílias

O Japão enfrenta um dos maiores desafios demográficos do mundo, sendo o país com a população mais velha do planeta: aproximadamente 10% dos japoneses têm mais de 80 anos. Essa realidade, somada à queda acentuada na taxa de natalidade, tem levado o governo a adotar medidas ineditas para reverter o cenário, incluindo uma proposta ousada: a redução da semana de trabalho para quatro dias.
A estratégia parte do princípio de que jornadas de trabalho mais curtas podem beneficiar não apenas a saúde mental e a produtividade dos funcionários, mas também incentivar um maior equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, criando condições para o aumento das taxas de natalidade, assim como as discussões contra a escala 6×1 já argumentam para o Brasil.
Em Tóquio, a governadora Yuriko Koike já implementou a política de fins de semana de três dias para servidores estaduais. Durante uma sessão da Assembleia Metropolitana, Koike enfatizou que a mudança busca facilitar a vida de pais e mães em potencial, especialmente mulheres.
“Continuaremos a revisar os estilos de trabalho de forma flexível para garantir que as mulheres não tenham que sacrificar suas carreiras devido a eventos da vida, como parto ou criação de filhos; empoderar as mulheres, uma meta que ficou muito atrás do resto do mundo, tem sido uma questão de longa data em nosso país”, declarou Koike em entrevista ao The Japan Times.
Além da redução da carga horária, o governo japonês está ampliando investimentos em infraestrutura de apoio às famílias, como o aumento da disponibilidade de creches e programas para o congelamento de óvulos. Leis que obrigam empresas a oferecer trabalho remoto e horários flexíveis para pais de crianças pequenas já estão em vigor em Tóquio e podem ser estendidas a outras cidades.
As medidas são uma resposta ao grave declínio populacional no Japão. Em 2023, o Ministério da Saúde registrou apenas 758.631 nascimentos, marcando o oitavo ano consecutivo de queda na natalidade, em um país com 124 milhões de habitantes. O envelhecimento populacional e a diminuição das taxas de natalidade têm gerado uma escassez crescente de mão de obra, forçando empresas a recorrerem à automação como alternativa.