Novos estudos sobre o efeito da Covid alertam para risco de Alzheimer
Pesquisadores concluíram que a Covid-19 grave pode gerar impactos equivalentes a quatro anos de envelhecimento cerebral

Pesquisadores descobriram que infecções pelo coronavírus podem acelerar processos no organismo ligados ao desenvolvimento do Alzheimer, especialmente em pessoas que tiveram casos graves de Covid-19 ou que já possuíam fatores de risco para declínio cognitivo. Essa possível conexão foi identificada em um estudo conduzido pelo Imperial College London e publicado na revista Nature Medicine no dia 30 de janeiro.
Os cientistas analisaram como a Covid-19 pode estar associada ao aumento de substâncias no sangue que indicam a presença de proteínas amiloides defeituosas, conhecidas por estarem ligadas ao Alzheimer. Os pesquisadores compararam os efeitos da infecção ao envelhecimento natural e concluíram que a Covid-19 grave pode gerar impactos equivalentes a quatro anos de envelhecimento cerebral.
Esse efeito foi ainda mais intenso em pessoas que precisaram ser hospitalizadas ou que já tinham fatores de risco para demência, como hipertensão e tabagismo. Um dos pontos mais preocupantes foi a elevação nos marcadores biológicos, que chegou a ser metade do aumento observado em pessoas com uma mutação genética chamada APOE, conhecida por aumentar significativamente o risco de desenvolver Alzheimer precocemente.
Paul Matthews, neurocientista e principal autor do estudo, explica que ainda é cedo para afirmar se a Covid-19, por si só, aumenta o risco de Alzheimer ou se outras infecções, como a gripe, podem causar efeitos parecidos. Ele ressalta que há um histórico de suspeitas sobre a ligação entre infecções e doenças neurodegenerativas, incluindo vírus como herpes e gripe, além de algumas infecções bacterianas crônicas. O estudo atual sugere que a Covid-19 pode ser um desses gatilhos, especialmente em pessoas que já tinham predisposição para demência.