A Justiça do Trabalho condenou a TV Globo a pagar R$ 500 mil de indenização à atriz Roberta Rodrigues por assédio moral e racismo institucional durante as gravações da novela Nos Tempos do Imperador. A decisão foi tomada pela juíza Aline Gomes Siqueira, do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, e ainda cabe recurso.

O processo, que tramita sob sigilo, aponta que o ambiente de trabalho da novela foi marcado por práticas discriminatórias, o que levou a atriz a desenvolver burnout, causando um afastamento de três meses. Ela alegou que atores negros, incluindo ela mesma, receberam tratamentos e privilégios diferentes dos colegas brancos.

Em sua defesa, a Globo negou as acusações de discriminação racial e afirmou que Roberta Rodrigues continuou a trabalhar em outros projetos da emissora após a novela. A TV Globo também ressaltou suas políticas de inclusão, sem comentar sobre as alegações específicas.

Como prova, a defesa da atriz apresentou um áudio de uma reunião realizada em setembro de 2021, em que o então diretor artístico Vinicius Coimbra teria se referido a uma “tropa de choque do movimento branco”, causando desconforto entre os presentes.

Em março de 2022, Vinicius Coimbra foi demitido da emissora por assédio moral. Ele reconheceu falhas estruturais em uma entrevista à Folha de S.Paulo no ano seguinte, mas afirmou que tentava combater a segregação. Inicialmente, Roberta Rodrigues pediu R$ 10 milhões de indenização, mas a juíza fixou o valor em R$ 500 mil. Os advogados da atriz, Carlos Nicodemos e Cinthia Carvalho, não comentaram o caso devido ao sigilo processual.