Troca de cartas na prisão aproximou Lula e Papa Francisco
A relação com o presidente brasileiro foi fortalecida quando o governante estava preso em Curitiba

O presidente Lula embarcou para o Vaticano neste sábado (26) para o velório do Papa Francisco. A ida vai além de uma despedida oficial — os dois mantinham uma amizade de longa data, iniciada ainda quando Francisco era arcebispo de Buenos Aires e reforçada em 2018, quando Lula estava preso em Curitiba. Na época, o então ex-presidente enviou uma carta pedindo uma bênção e agradecendo o apoio do Papa “na defesa dos direitos dos mais pobres”.
A resposta de Francisco veio dois meses depois, com palavras de conforto diante das “duras provas” que Lula vivia, como a morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia, do irmão Genival e do neto Arthur. “Quero manifestar-lhe minha proximidade espiritual e lhe encorajar pedindo para não desanimar e continuar acreditando em Deus”, escreveu.
O primeiro encontro presencial aconteceu em 2020, logo após a anulação das acusações contra Lula. Conversaram por uma hora sobre temas como fome, meio ambiente e justiça social. Em entrevista em 2022, Francisco disse que o julgamento do brasileiro “começou com a circulação de notícias falsas na mídia”.
O último encontro foi em 2023, quando Lula já estava em seu terceiro mandato. O Papa presenteou o casal com uma escultura de bronze e disse: “a paz é uma flor frágil”.
Antes de morrer por um AVC, Francisco passou semanas internado. Lula desejou melhoras nas redes e, com a confirmação da morte, publicou uma nota de pesar e um vídeo relembrando o legado do Papa.