A influenciadora Virginia Fonseca, uma das personalidades mais populares da internet brasileira, com mais de 50 milhões de seguidores, foi convocada para prestar depoimento nesta terça-feira (13) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, no Senado Federal. A comissão investiga a promoção irregular de sites de apostas e jogos de azar online por influenciadores digitais — prática que levanta preocupações, especialmente por seu impacto sobre o público jovem e vulnerável.

Virginia comparece à CPI como testemunha e, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tem o direito de permanecer em silêncio em relação a perguntas que possam resultar em autoincriminação. A autorização foi concedida pelo ministro Gilmar Mendes, em resposta a um pedido da defesa da influenciadora.

O depoimento de Virgínia ocorre em um momento de crescente pressão sobre celebridades da internet que fizeram campanhas publicitárias para plataformas de apostas esportivas e jogos online sem o devido respaldo legal. A ação faz parte dos desdobramentos da Operação Game Over 2, conduzida pela Polícia Civil de Alagoas, que apura a atuação de influenciadores na divulgação de casas de apostas que não possuem autorização da Justiça brasileira para operar.

De acordo com o requerimento da CPI, assinado pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), Virgínia “exerce influência direta sobre milhões de brasileiros, sobretudo adolescentes, desempenhando um papel central na publicidade de marcas, inclusive no setor de jogos de azar online”. Por esse motivo, sua presença na comissão é considerada estratégica para esclarecer como esse tipo de conteúdo é produzido e veiculado nas redes sociais.

A CPI das Bets foi criada em 2024, em meio à crescente preocupação com o avanço das apostas esportivas no país e a explosão de publicidade associada a esse mercado. Segundo especialistas, a ausência de regulação clara sobre o tema tem permitido a proliferação de sites sem autorização legal, com influência direta no aumento de casos de endividamento e vício em jogos, inclusive entre menores de idade.

Embora não esteja formalmente investigada, Virginia pode ser confrontada com perguntas sobre contratos publicitários, valores recebidos e sua relação com plataformas de apostas. No entanto, como testemunha, ela não tem direito ao silêncio completo e é obrigada a responder a questões que não a incriminem diretamente.

A expectativa em torno do depoimento é alta, dada a enorme visibilidade de Virgínia. Especialistas acreditam que sua postura diante dos parlamentares poderá influenciar a maneira como outros influenciadores responderão às futuras convocações. A CPI já anunciou que pretende ouvir novas figuras públicas nas próximas semanas, à medida que as investigações se aprofundam.