O governo do estado de São Paulo deu início a um projeto piloto que prevê o uso de inteligência artificial (IA) na correção de tarefas escolares dos alunos da rede estadual. A iniciativa, anunciada oficialmente em maio de 2025, será aplicada inicialmente por meio da plataforma TarefaSP, ferramenta criada em 2023 pela Secretaria da Educação (Seduc-SP) e voltada para estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental até a 3ª série do Ensino Médio.

Neste primeiro momento, a IA será utilizada para corrigir cerca de 5% dos exercícios submetidos pelos alunos, com foco específico nos estudantes do 8º ano do EF e da 1ª série do EM. O objetivo da proposta é modernizar o processo pedagógico e aliviar parte da carga de trabalho dos professores, que normalmente dedicam grande parte do tempo à correção de atividades.

De acordo com o secretário estadual da Educação, Renato Feder, o uso da IA permite que os professores concentrem seus esforços em atividades mais relevantes, como o ensino propriamente dito, deixando que a tecnologia assuma tarefas mais operacionais, como a correção de lições. Feder defende que a medida não apenas otimiza o tempo dos docentes, como também melhora o engajamento dos alunos, que passam a receber devolutivas imediatas sobre seus desempenhos.

A IA é programada para classificar as respostas como corretas, parcialmente corretas ou incorretas, oferecendo uma breve explicação após o julgamento automático. Em seguida, os próprios alunos poderão avaliar os comentários fornecidos pela ferramenta, o que também serve como um termômetro de qualidade do sistema.

A plataforma continuará permitindo que professores visualizem todas as respostas dos estudantes, além de possibilitar a inserção de comentários manuais quando desejarem. A intenção da Seduc é fomentar o desenvolvimento da escrita entre os alunos, especialmente nas atividades dissertativas — um tipo de exercício frequentemente negligenciado pela dificuldade de correção em larga escala.

O estímulo à produção textual é visto como essencial para o preparo dos estudantes para vestibulares e exames internacionais, como o PISA (Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes), que avalia competências como leitura, matemática e ciências. Vale lembrar que os exercícios avaliados por IA durante esta fase de testes não contarão nota, funcionando apenas como apoio pedagógico.

A proposta tem gerado debates entre especialistas da área de educação, que reconhecem o potencial da tecnologia, mas também alertam para a necessidade de manter o olhar crítico e pedagógico humano no processo de avaliação. Ainda assim, o projeto representa mais um passo da educação pública paulista em direção à inovação e à adoção de ferramentas digitais, alinhando-se a tendências globais que já vêm utilizando IA para personalizar o aprendizado e otimizar recursos em sala de aula. Se os resultados do piloto forem positivos, a expectativa é que o modelo seja expandido para outras séries e disciplinas da rede estadual.