Os números decimais não existem apenas para facilitar cálculos complexos, dividindo grandes quantidades em partes de dez. Eles também surgem como consequência de nossa anatomia. Como mamíferos com 10 dedos, a base decimal se tornou nossa referência natural ao aprender a abstrair e contar unidades, já que nossos dedos são ferramentas sempre disponíveis.

No entanto, novos teóricos matemáticos propõem a adoção de um sistema que nos permitiria entender o mundo de forma ainda mais eficiente: a base duodecimal, com 12 unidades. Imagine se tivéssemos apenas 4 dedos em cada mão e nossa contagem fosse baseada em 8 em vez de 10. Faltariam números? Claro que não, pois os números são infinitos e sua organização é, até certo ponto, arbitrária. Se a estrutura numérica é modificável, por que não optar por uma que facilite ainda mais o entendimento?

O sistema duodecimal, que utiliza o número 12 como base, surge como uma alternativa ao sistema decimal, oferecendo mais divisões possíveis. O fato de termos apenas cinco dedos em cada mão não seria um obstáculo. Em vez de contar cada dedo como uma unidade, poderíamos usar o polegar para contar as falanges dos outros quatro dedos, somando 12 unidades em uma mão. Essa ideia já era aplicada pelos babilônios, que usavam a base 60, um múltiplo de 12.

A Sociedade Dozenal (DSA) defende que o uso da base 12 poderia facilitar o aprendizado de matemática, tornar as tabuadas mais simples e reduzir o número de dízimas periódicas, um dos grandes desafios dos estudantes. No entanto, para adotar essa mudança, precisaríamos reeducar nossas mentes e aprender a contar de 12 em 12.

A base duodecimal oferece o dobro de divisões possíveis em comparação com a base 10. Isso é tão prático que já encontramos exemplos disso no cotidiano: mercados vendem itens em dúzias (como bananas, pães e ovos), o sistema imperial de medidas, usado nos Estados Unidos, define um pé como 12 polegadas, e pizzas são frequentemente divididas em 8 ou 12 fatias, nunca em 10.

Esse é o tipo de mudança que a DSA busca promover. Fundada na década de 1940 pelo escritor F. Emerson Andrews, a sociedade foi criada para divulgar as vantagens do sistema duodecimal e, quem sabe, revolucionar a forma como contamos. Em 1934, Andrews publicou um artigo em que descreveu a adoção da base decimal como uma “miopia indesculpável.”