Em defesa, Léo Lins garante que suas piadas já salvaram vidas
Léo Lins pediu que as piadas fossem entendidas como parte de seu "personagem artístico".

O humorista Léo Lins comentou publicamente na quinta-feira, 5 de junho, a condenação judicial que recaiu sobre ele — mais de oito anos de prisão e quase R$ 2 milhões em multa — por piadas consideradas discriminatórias contra diversas minorias. Em uma transmissão ao vivo em seu canal do YouTube, Lins rejeitou a ideia de que seu discurso fosse crime e afirmou ter lido a decisão, assinada pela juíza Barbara de Lima Iseppi, antes de se manifestar.
Ele pediu que as piadas fossem entendidas como parte de seu “personagem artístico”, uma construção humorística que utiliza hipérbole e ironia, e defendeu que nem todos têm o mesmo sentido de humor. Na live, Lins criticou os fundamentos da sentença e mencionou que a magistrada teria se baseado em citações da Wikipédia — algo que, segundo ele, desvaloriza o rigor jurídico da condenação e não pode servir de base para tal sentença.
Para exemplificar seu ponto de vista, citou o pesquisador Simon Quittley, que argumenta que o humor não deve ser interpretado literalmente, mas como um texto exagerado e satírico. Ele comparou também os alertas que aparecem na Wikipédia sobre a confiabilidade de suas informações com as advertências que ele mesmo insere em seus shows, destacando o caráter ficcional e cômico de seu trabalho.
A condenação, proferida por um tribunal federal em São Paulo, considerou que as piadas apresentadas no show “Perturbador” (2022), amplamente divulgado no YouTube com mais de três milhões de visualizações, ultrapassaram o limiar da liberdade de expressão e configuraram discurso de ódio contra negros, obesos, indígenas, pessoas com HIV, gays, idosos e outras minorias.
Além da pena de prisão, o tribunal determinou uma multa de R$ 300 mil por danos morais coletivos. A defesa já anunciou que irá recorrer, argumentando que as sanções são desproporcionais — comparáveis a penas por tráfico de drogas ou corrupção — e que punir piadas com prisão representa perigosa censura ao humor.