O câncer é uma consequência inevitável do envelhecimento celular — à medida que envelhecemos, células acumulam danos no DNA, perdem mecanismos de reparo e o sistema imunológico se torna menos eficiente em eliminá-las . A maioria dos tumores em adultos surge após os 50 anos, e estima-se que 60–70% dos casos ocorram em pessoas com mais de 65 .

Um conceito-chave é o limite de Hayflick: células normais param de se dividir após 40–60 divisões, entrando em estado de senescência — mas se escapam desse mecanismo, tornam-se imortais, como as células cancerosas. Além disso, essas células senescentes liberam substâncias inflamatórias (fenótipo secretor associado à senescência, SASP), criando um ambiente propício para o crescimento de tumores.

Embora estilos de vida saudáveis reduzam riscos, estudos mostram que mesmo sem fatores ambientais, o câncer ainda aumenta com a idade, pois é impulsionado por mecanismos biológicos intrínsecos ao envelhecimento. Por exemplo, análise de metilação do DNA revela que o envelhecimento epigenético, causado principalmente pelas divisões celulares, se aproxima do perfil de tecidos tumorais.

Pesquisas atuais, como as apresentadas no livro Molecular Biology of the Cell, sugerem que conforme vivemos mais, enfrentamos inevitavelmente maior risco de desenvolver câncer, mesmo com vida bem cuidada — pois os mecanismos naturais de envelhecimento levam ao surgimento da doença. Com o envelhecimento global, espera‑se que o número absoluto de pessoas com câncer cresça significativamente nas próximas décadas .

Atualmente, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1 em cada 2 homens e 1 em cada 3 mulheres nos Estados Unidos será diagnosticado com algum tipo de câncer ao longo da vida. No Brasil, as estimativas seguem tendência semelhante. E tudo indica que esses números continuarão subindo desde que o tempo de vida médio do ser humano também aumente.