Mulher afirma que ficou cega após usar marca de Virginia Fonseca
A médica responsável afirmou que o quadro poderia ter sido ainda mais grave caso Lidiane não tivesse lavado os olhos pela manhã.

Lidiane Herculano, moradora de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, relatou ter perdido temporariamente a visão após utilizar um fortalecedor de cílios da marca WePink, empresa de cosméticos fundada pela influenciadora digital Virginia Fonseca em parceria com Samara Pink. Segundo a mulher, o incidente ocorreu na noite de 22 de junho, quando aplicou o produto antes de dormir. Na ocasião, ela sentiu apenas uma leve ardência nos olhos, o que não a preocupou. No entanto, ao acordar no dia seguinte, percebeu que sua visão estava embaçada.
Mesmo com o desconforto, Lidiane decidiu seguir com sua rotina e foi trabalhar após lavar o rosto com soro fisiológico e água boricada. Ao notar seu estado, colegas de trabalho insistiram para que procurasse atendimento médico, temendo que ela pudesse perder completamente a visão. Em consulta com uma oftalmologista, veio a notícia alarmante: ambas as córneas estavam queimadas, possivelmente em decorrência do produto utilizado na noite anterior. A médica responsável afirmou que o quadro poderia ter sido ainda mais grave caso Lidiane não tivesse lavado os olhos pela manhã.
Horas após o diagnóstico, a dor se intensificou. Na madrugada do dia 23 de junho, por volta das 6h, Lidiane acordou sentindo uma dor descrita como insuportável, comparável à sensação de ter “giletes nos olhos”. Ela buscou então atendimento em um hospital especializado em oftalmologia localizado em Duque de Caxias, onde já não conseguia mais abrir os olhos. O desconforto era tão severo que ela precisou ser afastada de suas atividades profissionais.
Otávio Lopes, filho de Lidiane, usou a rede social X (antigo Twitter) para relatar o caso e atualizar os seguidores sobre o estado de saúde da mãe. Segundo ele, até o último sábado, 5 de julho, ela apresentava uma leve melhora, mas seguia em repouso absoluto por recomendação médica. A empresa WePink, até o momento, não se manifestou oficialmente sobre o ocorrido, nem entrou em contato com a família afetada.
A marca WePink foi lançada em 2021 e rapidamente conquistou o mercado de beleza nacional com promessas de alta performance e forte apelo de marketing. Virginia Fonseca, uma das maiores influenciadoras do Brasil, utiliza suas redes sociais e transmissões ao vivo para promover os produtos da marca. Em algumas dessas lives, a WePink chegou a faturar milhões de reais em poucas horas, impulsionada pelo engajamento da influenciadora e sua base fiel de seguidores.
O sucesso comercial, no entanto, não veio sem críticas. Em 2023, produtos como a base “Beauty” foram questionados por terem registro de grau 1 na Anvisa, o que indica uma quantidade mínima de princípios ativos, como ácido hialurônico e niacinamida, contrariando a publicidade da marca. Além disso, consumidores relataram ressecamento da pele, ardência e outras reações adversas.
No site Reclame Aqui, a WePink acumula milhares de queixas por atrasos de entrega, dificuldades de troca e ausência de suporte ao consumidor. Em 2024, foram mais de 70 mil reclamações registradas em apenas seis meses, número que reflete a insatisfação de parte dos clientes, mesmo com o grande volume de vendas e faturamento estimado em mais de R$ 325 milhões no ano passado.