Um pastor de 49 anos foi preso na última sexta-feira (26), em Anchieta, litoral sul do Espírito Santo, acusado de abusar sexualmente de adolescentes do sexo masculino durante sessões de hipnose, realizadas tanto em sua residência quanto no banheiro da igreja que frequentava. As investigações, conduzidas pela Polícia Civil capixaba, revelam um cenário perturbador de manipulação psicológica e abuso de poder com uso de pretexto religioso.

A prisão preventiva foi decretada após meses de apuração da 10ª Delegacia Regional de Anchieta. O caso começou a ser investigado em setembro de 2024, quando a mãe de uma das vítimas procurou a polícia ao notar mudanças de comportamento no filho. A partir daí, os depoimentos colhidos revelaram ao menos quatro adolescentes, todos maiores de 14 anos, como vítimas do líder religioso.

De acordo com a delegada Luiza Jacob, responsável pelo caso, o homem utilizava uma estratégia meticulosa: dizia realizar “sessões de cura espiritual” através de hipnose e já foi flagrado por outros integrantes da igreja durante os atos criminosos. Durante esses encontros, se aproveitava do estado de vulnerabilidade induzido nas vítimas para cometer os abusos.

“O suspeito usava artifícios religiosos para ganhar a confiança dos adolescentes e, sob o argumento de estar tratando questões espirituais, os colocava em estado hipnótico. Nesse contexto, os atos libidinosos eram praticados”, explicou a delegada em entrevista coletiva. Embora os crimes não tenham envolvido o uso de força física ou ameaças diretas, os investigadores destacam que, segundo o artigo 217-A do Código Penal, qualquer ato sexual cometido contra alguém que esteja impossibilitado de oferecer resistência é caracterizado como estupro de vulnerável.

O entendimento da Polícia Civil e do Ministério Público considera a hipnose uma forma de anular a capacidade de reação da vítima, o que justifica o enquadramento legal. O pastor foi detido e encaminhado ao sistema prisional do estado, onde permanecerá à disposição da Justiça. Ele responderá por estupro de vulnerável, crime cuja pena pode ultrapassar 15 anos de reclusão.