Estudo afirma que ouvir música por 24 horas traz benefícios ao cérebro; entenda
Na área clínica, a musicoterapia tem sido usada com resultados expressivos.

Estar rodeado de música 24h por dia pode parecer o retrato de uma vida perfeita, e realmente é! Mas também exige cuidados para não trazer prejuízos ao corpo e à mente. Pesquisas na área da neurociência comprovam que ouvir música constantemente ativa diferentes regiões cerebrais — como o córtex auditivo, a amígdala, o hipocampo e o córtex pré-frontal —, estimulando a memória, a atenção e até a criatividade. Além disso, a prática musical fortalece conexões neurais e tem efeito protetor na terceira idade, ajudando a manter a saúde cognitiva.
Um dos principais impactos está ligado aos neurotransmissores. A música pode aumentar a liberação de dopamina, serotonina e endorfina, substâncias que geram prazer, bem-estar e até alívio da dor. Isso explica por que muitas pessoas recorrem à música em momentos de estresse ou tristeza. Estudos recentes apontam, inclusive, que sons com ritmos mais suaves ativam o sistema nervoso parassimpático, reduzindo os níveis de cortisol — o hormônio do estresse —, o que favorece o relaxamento físico e mental e melhora a qualidade do sono quando incorporados a uma rotina noturna.
Na área clínica, a musicoterapia tem sido usada com resultados expressivos. Pacientes em reabilitação após um AVC, pessoas com Alzheimer, depressão ou dor crônica mostram ganhos cognitivos, motores e emocionais quando expostos a músicas significativas em sua trajetória de vida. Melodias familiares podem despertar lembranças esquecidas e resgatar sentimentos positivos, favorecendo a plasticidade cerebral e fortalecendo laços afetivos.
Por outro lado, existem alertas importantes. Repetir uma música diversas vezes pode gerar o famoso earworm, aquele trecho que “gruda” na cabeça e parece não sair, pois ativa áreas ligadas à memória e às emoções. Embora geralmente inofensivo, o fenômeno pode causar certo desconforto quando persistente. Mais grave, porém, é o risco do volume excessivo: ouvir música muito alta em fones de ouvido ou frequentar ambientes com som acima do recomendado pode provocar fadiga auditiva, zumbido e, em casos prolongados, perda permanente da audição.
A Organização Mundial da Saúde estima que mais de 1 bilhão de jovens correm risco de sofrer algum grau de surdez precoce justamente pelo uso inadequado de fones de ouvido. Assim, viver cercado de música continua sendo uma fonte poderosa de prazer e bem-estar, mas requer equilíbrio.