O consumo de bebidas adulteradas voltou a preocupar as autoridades de São Paulo, que emitiram um alerta sobre os riscos da intoxicação por metanol, substância usada em solventes e combustíveis, mas que, de forma ilegal, muitas vezes é misturada em destilados clandestinos para baratear a produção. Diferente do etanol, que está presente naturalmente nas bebidas alcoólicas, o metanol é extremamente tóxico e pode provocar danos graves ao organismo em poucas horas.

Os primeiros sinais de envenenamento costumam aparecer ainda no mesmo dia: dor abdominal forte, náusea, tontura, sonolência e até confusão mental. Se o quadro evolui sem atendimento, surgem problemas de visão, como turvação e sensibilidade à luz, podendo chegar à cegueira irreversível. Há também risco de convulsões, coma, insuficiência renal e sequelas neurológicas permanentes. Por isso, médicos reforçam que qualquer mal-estar após ingerir álcool de procedência duvidosa deve ser levado a sério e tratado como emergência.

A Secretaria Estadual da Saúde destaca que o atendimento rápido, sobretudo nas primeiras seis horas, pode salvar vidas. Hospitais do Estado contam com apoio dos laboratórios de Campinas, Botucatu e Ribeirão Preto, capazes de identificar a presença de metanol em sangue, urina ou mesmo na bebida suspeita em cerca de uma hora. Para orientar os profissionais, funcionam ainda os Centros de Assistência Toxicológica (CiaTox), que dão suporte técnico direto às equipes de saúde.

Embora casos de intoxicação por metanol sejam relativamente raros, eles costumam ganhar repercussão justamente pela gravidade. Em 2020, por exemplo, surtos no México e na Índia deixaram dezenas de mortos após o consumo de cachaças e vodcas falsificadas. Por isso, o alerta paulista reforça uma recomendação básica: desconfiar sempre de preços muito baixos, embalagens sem rótulo ou produtos vendidos em pontos sem registro legal. Um copo pode parecer inofensivo, mas, se adulterado, tem potencial de ser letal.