Os desenhos animados marcam a vida de toda criança. Basta olhar para a infância e recordar alguma obra que conta um pouco da nossa própria história em um momento importante de desenvolvimento intelectual, social e do início de uma autonomia. Diante dessas animações significativas, você sabe qual é o primeiro desenho animado da história? Aquele que deu sequência a inúmeras produções como as que conhecemos hoje?

Em 1908, um curta-metragem sem som e com traços psicodélicos foi produzido pelo francês Émile Cohl e exibido pela primeira vez no Théâtre du Gymnase Marie-Bell, em Paris. A animação foi chamada de “Fantasmagorie”, em homenagem à máquina fantasmógrafo, que é uma mistura da lanterna mágica com uma função semelhante à de um projetor.

O filme tem menos de dois minutos e apresenta uma história surrealista. Um palhaço é o personagem principal que interage com pessoas e objetos. Assista a seguir:

A animação conta com 700 desenhos feitos à tinta nanquim, junto a uma técnica de negativo duplicado, que inverte os efeitos do branco e do preto, dando a impressão de que foi feita em uma lousa. O conteúdo também está atrelado ao Movimento Incoerente, que ganhou força em 1880; inclusive, algumas características dos incoerentes foram aplicadas em movimentos das vanguardas europeias, especialmente no surrealismo, dadaísmo, abstracionismo e cubismo.

Abaixo, é possível assistir a uma versão da animação com imagens restauradas, desta vez ao som de Fabio Napodano.

Na época, durante as férias, o teatro se transformava em cinema e contava com a presença de até 800 pessoas. Émile Cohl (1857-1938) passou a ser considerado o ‘pai do desenho animado’ e também fez parte do movimento ‘os incoerentes’, que consistia em afirmar que tudo pode ser considerado uma obra de arte, como um desenho feito por alguém que não sabe desenhar, mas que ainda é uma obra de arte, mesmo que “incoerente”.