Por séculos, a densa floresta amazônica ocultou segredos de civilizações antigas. Recentemente, no Vale do Upano, no Equador, arqueólogos desenterraram evidências de uma rede de cidades interconectadas que datam de mais de 2.500 anos, desafiando a visão tradicional da Amazônia como uma região inóspita habitada apenas por pequenos grupos nômades.

A chave para essa revelação foi a tecnologia LiDAR (Light Detection and Ranging), que permite mapear o terreno sob a cobertura florestal densa. Em 2015, o Instituto Nacional do Patrimônio Cultural do Equador realizou levantamentos aéreos utilizando LiDAR, revelando mais de 6.000 plataformas de terra dispostas em padrões geométricos, conectadas por estradas e entrelaçadas com paisagens agrícolas e sistemas de drenagem no Vale do Upano.

Essas descobertas indicam a presença de uma civilização avançada, com cidades densamente povoadas que possuíam estruturas residenciais, cerimoniais e uma extensa rede de estradas largas e retas interligando os assentamentos. A centralidade dessas cidades é impressionante; por exemplo, Kilamope abrange uma área comparável ao Planalto de Gizé, no Egito, e à avenida principal de Teotihuacan, no México.

As modificações na paisagem, incluindo terraços agrícolas e campos retangulares para cultivo de milho, mandioca e batata-doce, rivalizam com as “cidades-jardim” dos maias clássicos. Essas descobertas sugerem que as cidades do Vale do Upano eram mais densamente povoadas e interconectadas do que outras civilizações amazônicas complexas conhecidas, como os Llanos de Mojos, na Bolívia.

A pesquisa, publicada na revista Science, destaca que, por muito tempo, arqueólogos acreditavam que a floresta amazônica havia sido um território inóspito, habitado por pequenos grupos de caçadores-coletores. No entanto, o avanço das pesquisas, especialmente com o uso do LiDAR, revelou a existência de sociedades organizadas e urbanizadas.