A prática de assistir vídeos e ouvir áudios em velocidade acelerada se tornou comum, sobretudo em tempos de excesso de informação e rotinas cada vez mais corridas. Aparentemente inofensivo, o hábito de apertar o botão “” pode, no entanto, trazer consequências para a forma como o cérebro processa e retém informações. Pesquisas recentes mostram que essa economia de tempo pode sair cara quando o assunto é aprendizado.

Uma meta-análise que reuniu dezenas de estudos apontou que assistir conteúdos em até 1,5 vezes a velocidade original não causa grande prejuízo à memória. A perda de retenção é mínima, quase imperceptível. Mas a partir do momento em que se acelera para 2× ou mais, a queda no desempenho se torna significativa: a compreensão pode cair em torno de 17 pontos percentuais em média. Isso significa que, embora seja possível acompanhar o raciocínio, boa parte das informações não se fixa de forma consistente na memória de longo prazo.

O fenômeno é explicado pela teoria da carga cognitiva. O cérebro humano depende da chamada memória de trabalho para organizar e processar estímulos antes de armazená-los. Quando a quantidade de informações chega em ritmo excessivo, essa “sala de edição” mental não consegue dar conta de tudo, gerando um transbordamento.

Pesquisadores sugerem que a faixa entre 1,25× e 1,5× pode ser considerada um ponto de equilíbrio, permitindo acelerar o consumo de conteúdo sem comprometer tanto a retenção. Isso, no entanto, varia de acordo com a complexidade do assunto e com o nível de familiaridade do estudante. Para temas densos ou completamente novos, a velocidade normal continua sendo a mais indicada.