Aumento nos casos de AVC em jovens põe alerta contra hábitos contemporâneos
Entre 1990 e 2021, os casos de AVC aumentaram 70%, enquanto as mortes decorrentes da condição cresceram 44%

Um estudo recente, publicado na revista científica The Lancet Neurology, revelou um crescimento preocupante nos casos de acidente vascular cerebral (AVC) em pessoas com menos de 70 anos. Segundo a pesquisa, houve um aumento de 14,8% nessa faixa etária em todo o mundo. No Brasil, a situação também é alarmante: cerca de 18% dos casos de AVC afetam jovens entre 18 e 45 anos, de acordo com dados da Rede Brasil AVC.
Nesta terça-feira (29), quando se celebra o Dia Mundial do AVC, especialistas chamam a atenção para os riscos e a importância da prevenção. O AVC ocorre quando o fluxo sanguíneo ao cérebro é interrompido, levando à morte de células nervosas na área afetada. Essa interrupção pode ser causada por uma obstrução nos vasos sanguíneos, caracterizando o AVC isquêmico, ou pela ruptura de um vaso, no caso do AVC hemorrágico.
Os números globais reforçam a gravidade do problema: entre 1990 e 2021, os casos de AVC aumentaram 70%, enquanto as mortes decorrentes da condição cresceram 44% e as complicações associadas à doença registraram um aumento de 32%. Em 2021, foram contabilizados 11,9 milhões de novos casos em todo o mundo. No Brasil, apenas entre janeiro e agosto de 2024, o AVC foi responsável por 39.345 mortes, o equivalente a uma média de seis óbitos por hora, conforme dados do Portal de Transparência do Registro Civil (ARPEN Brasil).
A neurologista Angelica Dal Pizzol, membro da Rede Brasil AVC, destaca que o aumento de casos entre jovens é uma tendência já observada em estudos recentes. Segundo a especialista, esse crescimento está associado a diversos fatores de risco, como sedentarismo e hábitos alimentares inadequados, que podem levar a problemas como obesidade, diabetes e hipertensão, mesmo em idades mais precoces.
Além disso, fatores ambientais, como mudanças climáticas, altas temperaturas e poluição, também têm contribuído para o aumento dos casos de AVC. Aspectos genéticos e hereditários desempenham um papel importante no risco, especialmente entre jovens com doenças genéticas ou hematológicas.
Dal Pizzol alerta para a necessidade de um acompanhamento médico mais rigoroso em pessoas com fatores de risco genético, além de mudanças no estilo de vida. “Manter uma alimentação equilibrada e praticar atividades físicas regularmente são medidas fundamentais para reduzir os riscos e prevenir o AVC, principalmente entre os mais jovens”, orienta a especialista.