O imaginário popular trouxe ao mundo uma figura clássica da cultura: a bruxa. Nas representações tradicionais, ela é sempre retratada com um longo nariz, pele enrugada, ao lado de um grande caldeirão preparando uma poção macabra e, claro, voando em sua vassoura. No entanto, a história por trás dessa imagem não é fruto apenas da imaginação de contistas, mas tem raízes históricas.

Trata-se de práticas já bem conhecidas, como a alquimia, que foi proibida pela Santa Inquisição nos séculos XIII e XIV. Muitas mulheres que praticavam herborismo e manipulavam ervas com fins medicinais eram vistas como desafiando a ordem divina e natural estabelecida por Deus, pois acreditava-se que a cura só poderia vir dos céus. Com essa lei divina, não humana, a consequência só podia negar a própria humanidade, resultando na execução injusta de inúmeras pessoas.

A caça às bruxas se baseava nesse argumento. Contudo, após o fim das fogueiras públicas promovidas pela Igreja, restaram as imagens dessas mulheres. Mas por que a vassoura? Segundo historiadores e teóricos, a manipulação das ervas pelas curandeiras produziu mais do que simples remédios.

O conhecimento das herboristas também foi utilizado na criação dos chamados “unguentos do voo” — óleos e pomadas que supostamente permitiam que as pessoas voassem. Esses unguentos eram feitos com plantas que continham alcaloides alucinógenos. De acordo com relatos, as “bruxas” aplicavam essas substâncias no cabo de uma vassoura e “montavam” nela, pois sabiam que a absorção dessas substâncias era mais eficaz pelas mucosas, onde a pele é mais fina.

Essa prática foi condenada não só pela sua conotação sexual, mas também porque os compostos, como se sabe hoje, produzem a sensação de voo, de estar fora do próprio corpo, além de alucinações bastante vívidas. Assim, surgiu a lenda de que as bruxas voavam em vassouras. Entretanto, essa prática foi considerada um pecado, o que levou à morte de inúmeras mulheres.