Cães aprendem a conversar por botões sonoros e chocam cientistas
Um estudo recente investigou o comportamento de 152 cães treinados para usar dispositivos chamados "soundboards"

Quando o assunto é comunicação animal, os cães sempre roubam a cena. Seja com aquele olhar pedindo comida ou colocando a pata na perna para pedir atenção, eles são mestres em se expressar. Agora, a ciência revela que eles podem ir ainda mais longe: alguns cães estão “falando” com botões sonoros, combinando palavras para expressar desejos e até criando mensagens criativas.
Parece ficção, mas é uma realidade que vem intrigando pesquisadores e encantando tutores em todo o mundo. Um estudo recente investigou o comportamento de 152 cães treinados para usar dispositivos chamados “soundboards“, painéis com botões que reproduzem palavras gravadas. Ao longo de 21 meses, os tutores documentaram quase 195 mil interações dos cães com esses botões.
Os resultados mostraram que muitos cães usavam os botões de maneira intencional, combinando palavras como “comida” e “água” ou “ir lá fora” e “banheiro”. Isso indica que os cães não só entendem o significado individual dos sons, mas também conseguem juntá-los para formar novos conceitos.
Um dos aspectos mais surpreendentes foi a capacidade dos cães de criar combinações com sentido claro, como “nome do cão” + “quero” — um pedido objetivo e direto. Federico Rossano, autor do estudo, destacou que os cães pressionam os botões com propósito e que as combinações não são aleatórias, mas refletem intenções específicas. Essa descoberta desafia o que se sabia sobre a inteligência canina e sua capacidade de associar sons a ideias.
As palavras mais populares entre os cães incluem “comida”, “petisco” e “ir lá fora”, o que não surpreende, já que refletem suas prioridades. No entanto, as combinações mais complexas, como “comida” + “água”, mostram que eles conseguem integrar diferentes conceitos para formar mensagens elaboradas.
Outro ponto interessante é que os cães não estão apenas imitando os tutores. Enquanto os humanos tendem a pressionar botões como “eu te amo”, os cães preferem mensagens práticas, como “comer” ou “brincar”. Isso indica que eles escolhem palavras com base em suas próprias necessidades e não apenas reproduzem ações humanas.
Embora ainda estejam longe de alcançar o nível de comunicação humana, essas descobertas sugerem que os cães possuem habilidades cognitivas mais sofisticadas do que se imaginava. Isso pode revolucionar a maneira como interagimos com nossos pets, enriquecendo a convivência e abrindo novas possibilidades de diálogo.
Federico Rossano acredita que essa tecnologia pode transformar nossa relação com os cães no futuro. Ele sugere que, com o avanço dos estudos, os pets talvez consigam até usar os botões para se referir a objetos ausentes ou experiências passadas, ampliando nosso entendimento sobre a comunicação e a inteligência animal.