Imagine que, além do desconforto, o calor extremo possa realmente acelerar o envelhecimento do seu corpo. Pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia (USC) conduziram um estudo que sugere exatamente isso: a exposição prolongada a altas temperaturas pode fazer com que nosso organismo envelheça mais rapidamente em nível molecular.

Publicado na revista Science Advances, o estudo analisou dados de quase 3.700 adultos com idade média de 68 anos. Os cientistas descobriram que indivíduos que enfrentaram mais dias de calor intenso apresentaram um envelhecimento biológico acelerado, chegando a até 2,48 anos a mais ao longo de seis anos. Isso significa que, mesmo sem alterações na idade cronológica, as células e órgãos desses indivíduos funcionavam como se fossem mais velhos do que realmente eram.

Mas como o calor pode influenciar no envelhecimento? O estudo aponta que o estresse térmico altera a metilação do DNA, um processo epigenético que regula quais genes são ativados ou desativados, afetando diretamente funções fisiológicas essenciais. Essas mudanças podem levar a um desgaste mais rápido dos tecidos e aumentar o risco de doenças relacionadas à idade.

O impacto foi especialmente notável em regiões com temperaturas mais elevadas. Por exemplo, participantes que residiam em áreas onde o índice de calor atingia níveis de “Cautela Extrema” ou superiores por metade do ano, como Phoenix, Arizona, experimentaram um envelhecimento biológico adicional de até 14 meses em comparação com aqueles que viviam em locais com menos dias de calor intenso.

Esses achados são particularmente preocupantes diante das mudanças climáticas atuais, que têm tornado as ondas de calor mais frequentes e intensas. Com o aumento das temperaturas globais, é possível que mais pessoas, especialmente os idosos, enfrentem problemas de saúde relacionados ao calor, incluindo envelhecimento acelerado e maior incidência de doenças.