Capacidade de envelhecimento diminuirá e nossa geração não chegará aos 100 anos; Confira estudo
A análise de dados de mortalidade de países como Austrália, França, Japão e Estados Unidos mostrou que as melhorias na expectativa de vida diminuíram nos últimos 30 anos

Na Era Vitoriana, as famílias tinham o hábito de criar “bonecas de luto” para colocar nos túmulos de crianças que conseguissem sobreviver ao parto ou ao primeiro aniversário. Isso refletia uma realidade de alta mortalidade infantil e baixa expectativa de vida, com homens vivendo em média até 40 anos e mulheres até 42. Naquela época, a cada mil nascimentos, 160 bebês morriam, e quase um quarto não chegava ao primeiro ano.
Hoje, graças aos avanços científicos e médicos, a expectativa de vida em países desenvolvidos aumentou significativamente: em 2023, atingiu 75 anos para homens e 82 para mulheres, com casos de pessoas ultrapassando os 100 anos. Porém, um estudo publicado na Nature Aging aponta que o crescimento acelerado da longevidade, notável no século XX, está desacelerando.
A análise de dados de mortalidade de países como Austrália, França, Japão e Estados Unidos mostrou que as melhorias na expectativa de vida diminuíram nos últimos 30 anos. Mesmo em Hong Kong, região com altos índices, apenas 12,84% das mulheres e 4,4% dos homens devem se tornar centenários.
Os cientistas sugerem que a “revolução da longevidade” está se aproximando do limite previsto décadas atrás. Embora avanços como a redução do tabagismo e da obesidade possam prolongar a vida, os ganhos serão modestos. Para atingir expectativas como 110 anos ao nascer, seria necessário que 70% das mulheres sobrevivessem até os 100 anos, o que ainda está distante.
Apesar disso, os pesquisadores rejeitam visões pessimistas. É possível continuar melhorando a mortalidade em todas as idades e reduzir desigualdades, especialmente entre subgrupos vulneráveis. A primeira grande revolução da longevidade trouxe benefícios inegáveis, mas uma segunda, baseada no combate ao envelhecimento biológico, ainda é um desafio para o futuro. Até lá, celebra-se mais de um século de conquistas na saúde pública, que transformaram a vida humana como nunca antes.