Um estudo recente revela que a intensa poluição por chumbo durante o Império Romano pode ter causado uma redução média de 2 a 3 pontos no quociente de inteligência (QI) das populações da época, especialmente entre as crianças. Pesquisadores do Desert Research Institute (DRI) analisaram núcleos de gelo do Ártico, medindo os níveis de poluição por chumbo entre 500 a.C. e 600 d.C.

Eles identificaram que o período de maior contaminação coincidiu com a Pax Romana, uma era de prosperidade e estabilidade. As principais fontes dessa poluição foram atividades de mineração e fundição, especialmente a extração de prata a partir da galena, um minério rico em chumbo. Estima-se que o Império Romano tenha emitido mais de 500 mil toneladas de chumbo na atmosfera durante seu auge.

A exposição a esse metal pesado, mesmo em baixas doses, é conhecida por causar danos neurológicos significativos, afetando o desenvolvimento cognitivo, particularmente em crianças. Os pesquisadores calcularam que os níveis de chumbo no sangue das crianças romanas poderiam ter aumentado em 2,4 microgramas por decilitro, resultando na mencionada redução de 2 a 3 pontos no QI.

Além dos impactos cognitivos, a exposição prolongada ao chumbo em adultos está associada a doenças cardiovasculares, problemas de memória, aumento do risco de câncer e infertilidade. Embora estudos anteriores já tivessem indicado contaminação por chumbo na água do rio Tibre devido ao uso de tubulações de chumbo, os níveis registrados não eram considerados suficientemente altos para representar um grande risco à saúde.

Este novo estudo, entretanto, fornece evidências de que a poluição atmosférica por chumbo atingiu níveis potencialmente perigosos durante o período romano. Os autores do estudo destacam que, embora o impacto exato do chumbo na saúde das populações antigas ainda seja objeto de debate, a Roma Antiga representa um dos primeiros exemplos de poluição ambiental em larga escala causada por atividades humanas.

Eles sugerem que os efeitos adversos do chumbo podem ter contribuído para desafios sociais e de saúde pública na época, mas deixam para epidemiologistas e historiadores a tarefa de determinar em que medida isso influenciou o curso da história. Pode ser realmente que as glórias da juventude grega nunca mais voltem e a culpa seja dos romanos.