Cócegas no cérebro? Conheça mecanismo de defesa do nosso corpo que você não sabia
Trata-se de um reflexo primitivo, que serve para nos proteger imediatamente de pequenos animais e que ainda preservamos com a mesma função.

Depois de Darwin, tornou-se impossível identificar a estrutura de funcionamento de um organismo como pronta ou acabada. Isso equivale a dizer que aquilo que representa nossa efetividade, o que existe em nós como condição de possibilidade para algo, não é nada mais do que um desenvolvimento que ocorre a partir de uma dificuldade enfrentada e superada pelo nosso organismo.
Sendo assim, devemos pensar em um fenômeno como as cócegas, a dor, os reflexos etc. como existentindo não inutilmente em nosso corpo, ou como se existissem puramente para nos proporcionar felicidade ou alegria, como um dom presenteado simplesmente por existirmos, mas como uma utilidade.
Ao contrário do que se pensa, não sentimos dor em nossos membros ou cócegas porque alguém nos coça a barriga ou os pés, mas porque essas sensações são enviadas e processadas no cérebro, sim, sentimos cócegas no cérebro, não nos pés! Nossa experiência sensorial, que também existe a partir de um desenvolvimento exigido pelas dificuldades do nosso contexto natural, serve apenas para captar e enviar informações ao “chefe” condutor de nossa existência. E é ele que sente os impulsos, a dor, as cócegas e delas formula pensamentos.
Um ser que possuisse cérebro, mas não um sistema nervoso capaz de enviar as informações experimentadas pelo corpo, não sentiria absolutamente nada. Nesse sentido, as cócegas, como explicam os cientistas neodarwinistas, são apenas mais um desses desenvolvimentos do organismo para superar questões externas e saber lidar com elas. Sim, a risada é um alarme!
As cócegas se constituíram como uma forma de mecanismo de defesa do corpo. Quando determinadas áreas sensíveis e frágeis de nossa pele são tocadas, como o pescoço, as laterais da barriga e os pés, as terminações nervosas da região enviam um sinal de perigo ao cérebro. Trata-se de um reflexo primitivo, que serve para nos proteger imediatamente de pequenos animais e que ainda preservamos com a mesma função.
Vale ressaltar que não há nenhuma capacidade, faculdade ou sensação que possuímos que exista de forma pronta; todas são constituídas ao longo do tempo, o que nos leva a afirmar que elas também podem desaparecer. A falta de vivência direta com perigos que exigem uma constituição específica de nossas células pode fazer com que essas funções deixem de existir. Assim como o músculo palmar longo, os dentes do siso e os músculos que causam arrepios em nosso pelos, as cócegas também não fogem a essa regra e muito provavelmente nos darão adeus.