Começamos a encolher aos 30 anos… mas por quê?
Grande parte dessa perda está ligada à coluna vertebral.

Pouca gente percebe, mas começamos a perder altura bem antes do que imaginamos. O processo pode se iniciar por volta dos 30 anos, ainda que de forma tão lenta que só se torna perceptível perto dos 40 ou 50. É a partir dos 60 que a redução da estatura passa a ser evidente, resultado de transformações naturais do corpo ao longo do envelhecimento. Em média, adultos encolhem entre dois e quatro centímetros durante a vida, o equivalente a cerca de um milímetro por ano, embora essa medida varie conforme fatores genéticos, hábitos de vida e condições de saúde.
Grande parte dessa perda está ligada à coluna vertebral. Ao longo do tempo, os 23 discos intervertebrais — responsáveis por absorver impactos e manter a flexibilidade entre as vértebras — vão perdendo eficiência. Compostas por quase 90% de água, essas estruturas funcionam como almofadas que se comprimem durante o dia e reabsorvem líquido à noite, quando o corpo repousa. O problema é que, com o envelhecimento, os discos ficam menos hidratados e mais rígidos, perdendo a capacidade de se recompor. Isso reduz a altura total da coluna e, em casos mais graves, pode gerar dor crônica, compressão de nervos e até risco de paralisia.
Outra causa importante é a perda de massa óssea. A osteopenia e a osteoporose — condições comuns após os 50 anos, sobretudo em mulheres devido à queda de estrogênio — tornam os ossos mais frágeis e finos. As vértebras podem sofrer microfraturas ou achatamentos, contribuindo para a diminuição da altura. Associada a isso está a sarcopenia, perda progressiva de massa muscular, que compromete a sustentação da postura e a estabilidade corporal. Sem a força adequada dos músculos do tronco e dos pés, os arcos plantares tendem a se achatar, intensificando ainda mais a redução de estatura.
O envelhecimento também altera a distribuição do centro de gravidade do corpo. Pessoas mais velhas costumam deslocá-lo para compensar o enfraquecimento dos músculos e articulações, o que pode resultar em encurtamentos musculares e desequilíbrio. Se esse ajuste não for bem controlado, aumenta o risco de quedas. A consequência mais visível é a hipercifose, a chamada “corcunda”, caracterizada pelo tronco inclinado para frente. Além de mudar a aparência, essa alteração compromete a mobilidade torácica e reduz a capacidade respiratória.