Conheça os ‘apitos da morte’: instrumentos de terror usados nos rituais de sacrifício humano
Um estudo aponta os efeitos que o som do apito tem no cérebro e a relação cultural para o período utilizado

Em 1999, um esqueleto humano foi encontrado em uma escavação arqueológica no México. A estrutura óssea pertencia a um homem com cerca de 20 anos que segurava um apito na mão esquerda. Ele foi enterrado em frente ao templo de Ehecatl, o deus do vento na mitologia asteca.
Desde então, outras versões do apito foram descobertas em sepulturas datadas entre 1250 e 1521. Pesquisas revelaram que esses instrumentos estavam associados a rituais de sacrifício humano. Recentemente, um estudo apontou que os apitos produziam um som semelhante a um grito, criando uma atmosfera de terror durante os rituais e confundindo o cérebro dos ouvintes.
O formato do apito asteca lembra uma pequena caveira de 5 cm, e o som produzido é arrepiante. Sua função ritualística era, entre outras coisas, preparar as vítimas para a descida até Mictlan – o submundo asteca. De acordo com um estudo recente publicado na Communications Psychology, os efeitos do som do apito induzem uma sensação imediata de urgência. No estudo, 70 pessoas foram recrutadas para ouvir os sons dos apitos, e a maioria associou os ruídos a gritos.
Três dos apitos analisados eram recriações modernas, enquanto dois eram apitos originais encontrados no sítio arqueológico asteca de Tlatelolco, próximo à antiga capital Tenochtitlán, hoje Cidade do México. Os pesquisadores descreveram que os apitos produziam “um som agudo, penetrante e semelhante a um grito quando tocados com forte pressão de ar”.
Na segunda etapa do estudo, 32 participantes foram submetidos a exames de ressonância magnética enquanto ouviam gravações do apito da morte intercaladas com outros sons. Os cientistas observaram que o som ativava regiões cerebrais associadas às emoções e à análise de ruídos aversivos e complexos. O som, que combina características naturais e artificiais, é difícil de classificar e provoca desconforto.
No artigo, os especialistas sugerem que os apitos poderiam ter sido usados tanto para afetar as vítimas de sacrifício quanto para impactar o público que assistia às cerimônias. A equipe também especula que os apitos podem ter sido projetados para simbolizar Ehecatl, o deus asteca do vento, ou, devido ao som assustador, representar os ventos cortantes que atravessam Mictlan, o submundo asteca.
