Na correria da rotina moderna, muita gente encara noites curtas como prova de disciplina ou produtividade. Virar madrugada estudando, sacrificar o sono para dar conta do trabalho ou simplesmente dormir menos de seis horas por noite virou um hábito comum. Mas a ciência mostra que essa “moda” tem um preço alto: prejudica o corpo e, principalmente, o cérebro, com efeitos que aparecem mais rápido do que se imagina.

Dormir mal enfraquece o sistema imunológico. Pesquisas apontam que pessoas que dormem menos ficam até quatro vezes mais vulneráveis a resfriados e infecções. Isso acontece porque, durante o sono, o organismo fortalece suas defesas naturais. A privação de sono também interfere diretamente na resposta às vacinas: estudos publicados no Journal of Immunology revelaram que pessoas que dormem pouco produzem menos anticorpos, o que significa menor proteção contra doenças, mesmo quando a vacinação está em dia.

As consequências não param aí. A falta de sono impacta o equilíbrio emocional e aumenta a atividade de regiões do cérebro associadas ao medo e à ansiedade. O resultado é instabilidade de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração e maior predisposição a crises de ansiedade ou depressão. A longo prazo, o risco de desenvolver transtornos mentais cresce significativamente.

O sono também é essencial para a regulação hormonal. Quem dorme pouco produz mais grelina, hormônio que estimula a fome, e menos leptina, responsável por indicar saciedade. Por isso, noites mal dormidas costumam vir acompanhadas de episódios de compulsão alimentar e maior propensão ao ganho de peso, elevando ainda o risco de obesidade.

O coração é outro alvo da privação de sono. Estudos mostram que a falta de descanso aumenta a pressão arterial e os níveis de inflamação no corpo, fatores diretamente ligados ao surgimento de doenças cardiovasculares. O impacto neurológico é igualmente preocupante: durante o sono, o cérebro consolida memórias e organiza informações.

Quando esse processo é interrompido, a capacidade de aprender e reter conhecimento diminui — por isso, estudantes que “viram a noite” revisando para uma prova costumam ter desempenho inferior aos que priorizam uma boa noite de descanso. Especialistas reforçam que dormir bem não é luxo, e sim necessidade vital. O sono deve ser tratado como parte essencial da saúde, no mesmo nível da alimentação equilibrada e da prática de exercícios físicos. Dormir menos de seis horas por noite pode até render mais horas acordado, mas a qualidade de vida que se perde é muito maior que esse tempo extra.