Desde não mostrar os dentes à carne crua no rosto: Conheça algumas regras de etiqueta bizarras do passado
Os séculos passados nos trazem evidências das nossas mudanças e novas formas de ver o mundo, algumas delas chocantes

O espírito de um povo ou comunidade unifica sua multiplicidade de membros em uma unidade orgânica de costumes, hábitos, modos e definições do belo, bom e adequado. Tais características não criam apenas leis, mas também estilos. Não criam apenas o que é proíbido, mas o que é inadequado. Ninguém irá preso por fazer isso nas épocas retratadas, mas certamente será tão mal visto que não seria surpresa para na prisão depois de uma discussão.
Os séculos passados nos trazem evidências das nossas mudanças e novas formas de ver o mundo, algumas delas chocantes, mas começaremos pelas não tão distantes. Durante a Era Vitoriana, a interação social era minuciosamente regulamentada, com uma precisão que se estendia até o simples ato de conversar. Regras específicas definiam o tempo e o local adequados para diálogos.
No caso de amigos que se cruzavam na rua, por exemplo, o protocolo ditava que as trocas fossem breves e discretas, evitando, sempre, obstruir o caminho dos demais transeuntes. Conversas mais prolongadas só poderiam ocorrer em locais apropriados, como parques ou jardins, onde o convívio era permitido sem causar inconvenientes.
Curiosamente, o rigor vitoriano não se limitava ao comportamento em público. Até o horário do matrimônio era regulamentado: casamentos após o meio-dia eram ilegais. Esse detalhe peculiar é mencionado na obra “Habits of the Good Society” (“Hábitos da Boa Sociedade”), de 1863, mas o autor omite qualquer explicação para essa norma. O livro, que aborda exaustivamente as normas de conduta, parece considerar o motivo dessa regra implícito ou irrelevante.
O ideal de beleza também era regido por práticas singulares. Atualmente, muitas pessoas optam por uma aparência natural e recorrem a uma infinidade de cosméticos para manter a pele jovem e viçosa. No entanto, as técnicas vitorianas eram notavelmente diferentes. Na época, pedaços de carne crua aplicados sobre o rosto à noite eram um “cosmético” popular. A carne, assim como gorduras animais, era valorizada por suas supostas propriedades revigorantes, sendo empregada em uma rotina de cuidados faciais um tanto curiosa para os padrões modernos.
As regras de etiqueta eram rígidas e impostas especialmente às mulheres, que eram desencorajadas de demonstrar expressões espontâneas, como rir ou sorrir abertamente. Para elas, esperava-se uma postura reservada: cobrir a boca ao sorrir era mandatório, sinal de modéstia e decoro, não podiam mostrar os dentes. Homens, em contraste, desfrutavam de maior liberdade, enquanto as mulheres viam seu valor social comprometido caso transgredissem essas regras com uma gargalhada.
Enquanto isso, em outras culturas, regras distintas moldavam a vida cotidiana. Na Índia antiga, a divisão entre a mão direita e a esquerda tinha raízes profundas nas práticas religiosas hindus. A mão esquerda era destinada a atividades impuras, como a higiene pessoal, ao passo que a direita era reservada para as refeições.
Comer com a mão direita era uma forma de honrar a sacralidade dos alimentos, e qualquer desvio dessa prática era considerado uma ofensa, não só às pessoas ao redor, mas também ao divino. Esse costume ainda é observado em muitas regiões do Sul da Ásia e do Oriente Médio, tornando a adaptação dos canhotos a essas normas um verdadeiro desafio.
Na antiga Mesopotâmia, até a posição dos pés tinha um significado cultural específico. Mostrar a sola dos pés a alguém era uma afronta, pois os pés, constantemente em contato com o solo, eram considerados a parte mais impura do corpo. Este costume influenciava até a maneira como as pessoas se sentavam e se moviam, sempre tomando cuidado para que a sola dos pés não ficasse exposta acidentalmente, evitando, assim, ofender os outros com esse gesto.