DNA de cães evolui rápido demais em Chernobyl e preocupa cientistas; entenda
Segundo os resultados, publicados na revista Science Advances em maio de 2023, os cães apresentaram diferenciações genéticas quando comparados a populações de fora da área afetada

Quase quatro décadas após o desastre de Chernobyl, ocorrido em 26 de abril de 1986, a Zona de Exclusão ao redor do reator nuclear continua a ser um laboratório vivo para cientistas que estudam os impactos da radiação em ecossistemas. A explosão, que resultou em um dos piores acidentes nucleares da história, deixou uma vasta área no norte da Ucrânia inabitável para humanos, mas não para a fauna local.
Entre os sobreviventes, destaca-se uma população de cães semisselvagens, que intrigou pesquisadores por sua capacidade de viver em um ambiente tão hostil. Uma equipe da Universidade da Carolina do Sul e do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano conduziu um estudo genético com 302 cães que habitam a região. O objetivo era identificar possíveis mutações genéticas que ajudaram os animais a sobreviver aos altos níveis de radiação.
Segundo os resultados, publicados na revista Science Advances em maio de 2023, os cães apresentaram diferenciações genéticas quando comparados a populações de fora da área afetada. No entanto, não é possível afirmar com certeza se essas mudanças são consequências diretas da exposição à radiação ou de outros fatores, como a endogamia devido ao isolamento.
Pesquisas anteriores em Chernobyl já apontaram adaptações evolutivas em outros organismos. Um estudo de 2016 revelou que sapos orientais, geralmente verdes, passaram a exibir coloração preta, possivelmente como uma mutação na melanina que lhes proporciona maior proteção contra a radiação. Métodos similares são usados em estudos espaciais para induzir mutações benéficas em sementes, explorando o potencial de acelerar a evolução em ambientes extremos.
O papel da Zona de Exclusão, nesse sentido, se torna um ambiente único para explorar os efeitos a longo pra da radiação, porém a incerteza desse avanço genético implica em uma falta de direcionamento exato no desenvolvimento do DNA dos animais afetados pela radiação, o que preocupa os cientistas em relação a proliferação futura de novas potenciais raças que surgiriam a partir deste fenômeno.