Desde sua eleição em 2013, o Papa Francisco tem marcado seu pontificado por uma postura pastoral mais acolhedora e progressista em diversas questões sociais, contrastando com posicionamentos tradicionalmente mais conservadores da Igreja Católica e gerando muita polêmica entre seus mais diversos fieis. Sua trajetória revela um esforço contínuo de aproximar a Igreja das realidades do mundo contemporâneo, promovendo a inclusão, o diálogo e a misericórdia.

Um dos marcos mais emblemáticos de sua visão pastoral foi sua postura em relação à comunidade LGBTQIA+. Ainda no início de seu papado, em 2013, sua famosa frase “Quem sou eu para julgar?” — dita ao se referir a padres homossexuais que buscam viver em fidelidade à doutrina — foi recebida como um sinal claro de mudança de tom.

Desde então, Francisco vem adotando uma abordagem mais compassiva, defendendo que pessoas LGBTQIA+ não devem ser marginalizadas, mas acolhidas com respeito e dignidade. Em 2020, durante um documentário, ele expressou apoio à união civil entre pessoas do mesmo sexo, afirmando que elas “têm direito a estar em uma família”, um gesto sem precedentes para um papa.

Outro ponto de destaque em seu pontificado tem sido a valorização do papel das mulheres na Igreja. Francisco reconhece publicamente a necessidade de ampliar a participação feminina em espaços de decisão e em cargos de liderança.

Ainda que não tenha dado passos em direção à ordenação sacerdotal de mulheres — um tema ainda considerado tabu — ele nomeou diversas mulheres para cargos importantes no Vaticano, como em conselhos e comissões que antes eram ocupados apenas por homens. Sua insistência na importância da voz feminina dentro da Igreja reflete uma abertura que, embora gradual, é significativa.

Além dessas pautas, o Papa também tem se destacado por sua firme crítica às desigualdades sociais, ao sistema econômico excludente e à destruição ambiental. Sua encíclica Laudato Si’, de 2015, é um chamado urgente à conversão ecológica, responsabilizando as estruturas de poder por danos ambientais e sociais, e convocando todos — especialmente os cristãos — à solidariedade com os mais pobres e com a Terra.

A trajetória progressista de Francisco não é isenta de críticas, tanto por setores conservadores da Igreja quanto por ativistas que gostariam de mudanças mais rápidas e profundas. No entanto, seu papado representa uma mudança importante no catolicismo contemporâneo, apontando para uma Igreja mais aberta ao diálogo, mais sensível às dores do mundo e mais comprometida com a justiça social.