A busca por psicanalistas e psicólogos cresceu cerca de 435% no ano de 2023 e tudo indica que o número só aumente. A massiva porcentagem de representantes destas pesquisas são jovens que sofrem de algum transtorno mental como ansiedade e depressão, o que os leva desesperadamente a procura de ajuda. Porém, uma surpresa, nem sempre a ajuda humana.
Segundo um levantamento feito pela Talk Inc: de um em cada dez brasileiros tendem a procurar ajuda em sites de inteligência artificial como o ChatGPT. As causas do fenômeno estão ligadas tanto a questão financeira, há que se notar que uma conversa com uma IA é gratuita, mas também devido a um fator subjetivo importante na terapia, a exclusão do olhar do outro.
Se para a psicanálise o olhar do outro, no caso o analista, é importante para a travessia de um estado contido e reprimido para uma abertura dolorosamente livre, para os jovens essa dificuldade pode ser ultrapassada com um simples apertar de teclas. A exclusão desse desenvolvimento importante, na visão dos analistas, elimina toda a dimensão prática e positiva de uma consulta.
Falamos aqui do medo do julgamento, uma capacitade estritamente humana. Com uma IA, no entanto, não há qualquer perigo, ao menos é o que parece sugerir, de uma reprovação moral. Porém, o maior motor dessa crença é a completa falta de informação sobre o que é uma consulta terapéutica e também uma Inteligência Artificial.
É importante destacar que, por mais que uma IA não tenha consciência moral, ela é um conjunto de informações genêricas determinadas a partir de um Big Data (grande volume de dados) de conhecimento humano. Neste caso não isento de uma régua comportamental, ou, o que é o mesmo: moral. Também o medo da recriminação de um terapeuta vai contra o que se entende por uma consulta psicológica, já que a escuta analítica pressupõe em primeiro lugar o acolhimento do paciente.
A pandemia da Covid-19 contribuiu enormemente no uso do ChatGPT como terapeuta particular, o que representa um risco considerável no entendimento sobre a função do psicanalista ou psicólogo, que se transformam, com o ChatGPT, no oposto do que o paciente busca: substituindo a cura a partir da escuta humana por uma solução imediata e ineficaz.
