Estudo comprova que adolescentes estão radicalmente mais infelizes
Especialistas apontam para fatores estruturais e culturais que alimentam essa crise.

Um estudo recente conduzido pelas universidades de Harvard e Baylor, publicado na revista Nature Mental Health, revelou uma queda significativa nos níveis de bem-estar entre jovens adultos em escala global. A pesquisa analisou dados autorrelatados de mais de 200 mil pessoas em 22 países, colhidos ao longo de 2023. Os resultados indicam que indivíduos entre 18 e 29 anos enfrentam dificuldades crescentes relacionadas à saúde mental, propósito de vida, relacionamentos e segurança financeira.
Esses dados desafiam a ideia tradicional de que a juventude é uma fase naturalmente mais feliz e despreocupada da vida. Segundo o coordenador do estudo, Tyler VanderWeele, os jovens adultos atualmente estão menos propensos a “florescer”, conceito que define um estado em que todos os aspectos da vida são avaliados positivamente.
O estudo aponta que a antiga curva em formato de “U” da felicidade, que sugeria níveis mais altos de satisfação na juventude e na velhice, está se achatando. A média de bem-estar permaneceu baixa até por volta dos 50 anos em diversos países, incluindo o Brasil. A juventude contemporânea está sendo marcada por taxas alarmantes de ansiedade, depressão e perfeccionismo, especialmente entre estudantes universitários.
Além disso, houve uma queda expressiva na participação em comunidades religiosas, clubes e outras formas de integração social — fatores tradicionalmente associados ao bem-estar emocional. A solidão, que costumava ser associada ao envelhecimento, agora afeta jovens em níveis comparáveis aos de pessoas mais velhas.
Especialistas apontam para fatores estruturais e culturais que alimentam essa crise, como o uso excessivo de redes sociais, a instabilidade econômica e as pressões sociais para alcançar padrões de sucesso considerados inalcançáveis. O contato constante com modelos idealizados na internet, a competição exacerbada e a insegurança no mercado de trabalho contribuem para sentimentos de inadequação, isolamento e frustração.