Estudo comprova que casais são mais propensos a compartilhar transtornos psiquiátricos
Os pesquisadores levantam algumas hipóteses para explicar essa tendência.

Um estudo de grande porte publicado em 28 de agosto de 2025 na revista Nature Human Behaviour trouxe novas evidências de que casais em relacionamentos duradouros têm maior probabilidade de compartilhar diagnósticos de transtornos psiquiátricos. A pesquisa, repercutida pelo site ScienceAlert, analisou dados de mais de 14,8 milhões de pessoas em Taiwan, Dinamarca e Suécia, incluindo milhões de casais, e investigou nove condições de saúde mental: esquizofrenia, transtorno bipolar, depressão, ansiedade, TDAH, autismo, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), anorexia nervosa e dependência química.
Os resultados mostraram que indivíduos diagnosticados com algum transtorno mental apresentam probabilidade significativamente maior de ter parceiros com a mesma condição, ou com transtornos semelhantes. Esse padrão, chamado de “correlação conjugal”, foi consistente entre diferentes gerações e contextos culturais, o que sugere que se trata de um fenômeno universal. Curiosamente, algumas variações foram observadas entre países: em Taiwan, por exemplo, casais apresentaram maior frequência de diagnósticos compartilhados de TOC em comparação com os da Escandinávia.
Os pesquisadores levantam algumas hipóteses para explicar essa tendência. Uma delas é a empatia: pessoas que vivem experiências semelhantes podem se compreender mais facilmente e desenvolver vínculos mais fortes. Outro fator é a convergência de hábitos e estilos de vida, já que o convívio prolongado tende a aproximar comportamentos e formas de lidar com a vida. Além disso, o estigma social associado a transtornos psiquiátricos pode restringir as opções de relacionamento, fazendo com que indivíduos nessas condições tenham mais chances de se relacionar entre si.
Um dos achados mais importantes é o impacto intergeracional. O estudo mostrou que filhos de pais que compartilham o mesmo transtorno têm o dobro de risco de desenvolver a mesma condição, especialmente no caso de doenças com forte componente genético, como esquizofrenia, transtorno bipolar e dependência de substâncias. Isso levanta questões fundamentais para pesquisas em genética e saúde pública.