Estudo comprova que morar em bairros vulneráveis aumenta risco de demência; entenda
Mesmo após ajustar fatores individuais como idade, escolaridade, etnia e sexo, os resultados mostraram que o ambiente comunitário influencia diretamente a saúde cerebral.

Morar em bairros socialmente vulneráveis pode aumentar significativamente o risco de desenvolver demência, segundo estudo publicado na revista Neurology. Pesquisadores da Universidade Rush, em Chicago, acompanharam 6.781 idosos e constataram que aqueles que vivem em regiões mais pobres têm mais que o dobro de risco de desenvolver Alzheimer e apresentam um declínio cognitivo 25% mais acelerado em comparação aos moradores de áreas favorecidas.
Mesmo após ajustar fatores individuais como idade, escolaridade, etnia e sexo, os resultados mostraram que o ambiente comunitário influencia diretamente a saúde cerebral. A principal autora do estudo, Pankaja Desai, ressaltou a importância de olhar para além dos fatores pessoais e considerar os determinantes sociais como peças-chave na prevenção da demência.
Atualmente, mais de 55 milhões de pessoas vivem com algum tipo de demência no mundo, segundo a OMS. No Brasil, estima-se que 1,76 milhão de idosos convivam com a condição — número que pode triplicar até 2050. A doença de Alzheimer representa cerca de 70% dos casos, mas outras formas como a demência vascular, com corpos de Lewy e frontotemporal também têm impactos severos na autonomia e qualidade de vida dos pacientes.
Neurocientistas afirmam que estratégias comunitárias e políticas públicas são essenciais para combater as disparidades. É importante alertar que a prevenção precisa começar cedo, com ações focadas em educação, saúde, nutrição, e combate ao isolamento social. Uma pesquisa internacional publicada em 2025 também mostrou que mulheres negras idosas nos EUA que vivem em bairros pobres têm 42% mais risco de declínio cognitivo.
Na Nova Zelândia, cada aumento nos índices de pobreza de uma região elevava o risco de demência entre 6% e 9%. Iniciativas internacionais, como o Dementia Prevention do Reino Unido e a Healthy Brain Initiative dos EUA, integram políticas públicas com foco em saúde cerebral, priorizando comunidades vulneráveis e investindo em prevenção por meio de educação, saúde cardiovascular e inclusão social.