Estudo mostra como plantas ‘mentem’ e ‘fofocam’ umas com as outras
Este estudo desafia a visão tradicional de que as plantas cooperam entre si e sugere que comportamentos enganosos podem ser uma estratégia evolutiva entre as plantas

Um estudo recente, publicado em 21 de janeiro de 2025 no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), revela que as plantas podem adotar comportamentos enganosos em relação às suas vizinhas e até mesmo “fofocar” e “mentir” sobre perigos externos e desviar informações umas para as outras.
Conduzida por pesquisadores das universidades de Oxford, no Reino Unido, e Livre de Amsterdã, na Holanda, a pesquisa sugere que, em vez de alertarem umas às outras sobre ameaças iminentes, as plantas tendem a ocultar sinais de estresse ou até mesmo a emitir sinais falsos, indicando perigos inexistentes. Por exemplo, as plantas podem sinalizar que um ataque de herbívoro está ocorrendo, mesmo quando nenhum herbívoro está presente, argumenta Thomas Scott, do Departamento de Biologia de Oxford.
As plantas podem obter um benefício da sinalização desonesta porque ela prejudica seus concorrentes locais, enganando-os a investir em mecanismos de defesa de herbívoros dispendiosos. A comunicação entre plantas ocorre através de uma complexa rede subterrânea de fungos micorrízicos, conhecida popularmente como “a rede ampla da madeira”.
Esses fungos formam parcerias com as raízes das plantas, fornecendo nutrientes em troca de carbono. Quando uma planta é atacada por herbívoros ou patógenos, outras plantas conectadas à mesma rede podem aumentar seus mecanismos de defesa. No entanto, ainda não está claro se a planta atacada envia ativamente sinais de alerta ou se esse processo é mediado pelos fungos.
Para investigar essa questão, os pesquisadores utilizaram modelos matemáticos para simular diferentes cenários. Eles descobriram que é raro as plantas serem selecionadas evolutivamente para alertar outras, devido à competição por recursos como luz solar e nutrientes. Em vez disso, as plantas podem se beneficiar ao emitir sinais enganosos que induzem suas vizinhas a investir em defesas desnecessárias.
Os modelos sugerem duas possíveis explicações para o aumento das defesas em plantas vizinhas após um ataque: 1) Sinalização Involuntária: As plantas não conseguem suprimir completamente os sinais de estresse, semelhante a humanos que não conseguem evitar corar quando envergonhados. 2) Mediação Fúngica: Os fungos micorrízicos detectam o ataque a uma planta hospedeira e transmitem essa informação a outras plantas conectadas, beneficiando-se ao manter suas hospedeiras em boas condições.
Este estudo desafia a visão tradicional de que as plantas cooperam entre si e sugere que comportamentos enganosos podem ser uma estratégia evolutiva para maximizar a sobrevivência e o sucesso reprodutivo, necessários no processo primitivo de sobrevivência tanto quanto no nosso estado de natureza hobbesiano que afirma uma dinâmica anterior às leis e ao contrato social, onde se vivia em uma “luta de todos contra todos”.