Estudo revela que humanidade só observou 0,001% do oceano
Mantendo o ritmo atual, levaríamos cerca de 100 mil anos para mapear visualmente todo o fundo oceânico.

Um estudo recente publicado na revista Science Advances revelou que a humanidade observou visualmente menos de 0,001% do fundo do oceano profundo, apesar de este cobrir aproximadamente 66% da superfície terrestre. Essa área explorada equivale a cerca de 3.823 quilômetros quadrados, pouco maior que o estado de Rhode Island, nos Estados Unidos, ou cerca de um décimo do tamanho da Bélgica.
A pesquisa, conduzida por cientistas da Ocean Discovery League, da Scripps Institution of Oceanography e da Universidade de Boston, analisou dados de aproximadamente 44 mil mergulhos em profundidades superiores a 200 metros, realizados desde 1958. A maioria dessas explorações concentrou-se em áreas próximas a países como Estados Unidos, Japão e Nova Zelândia, deixando vastas regiões, como o Oceano Índico, praticamente inexploradas.
A limitação na exploração do oceano profundo deve-se, em grande parte, aos altos custos e desafios tecnológicos envolvidos. Segundo a oceanógrafa Katy Croff Bell, presidente da Ocean Discovery League e principal autora do estudo, explorar apenas 0,39 milhas quadradas (aproximadamente 1 quilômetro quadrado) do fundo do mar pode custar entre 2 e 20 milhões de dólares. Ela estima que, mantendo o ritmo atual, levaríamos cerca de 100 mil anos para mapear visualmente todo o fundo oceânico.
Além de sua vastidão, o oceano profundo desempenha um papel crucial na regulação do clima global, absorvendo cerca de 90% do excesso de calor e 30% do dióxido de carbono gerado pela atividade humana . Ele também abriga ecossistemas únicos e potencialmente milhões de espécies ainda desconhecidas, algumas das quais podem ter aplicações médicas ou científicas significativas.
Diante das crescentes ameaças, como as mudanças climáticas e a mineração em águas profundas, especialistas enfatizam a necessidade urgente de ampliar os esforços de exploração e conservação do oceano profundo. Investimentos em tecnologias acessíveis e colaborações internacionais são fundamentais para entender e proteger esse vasto e pouco conhecido ecossistema.