O lendário Monstro do Lago Ness, uma suposta criatura de pescoço comprido que habitaria as águas profundas de um lago na Escócia, é uma das histórias mais conhecidas da cultura popular. Ao longo dos anos, a existência desse ser misterioso foi amplamente questionada, mas novas descobertas científicas vêm lançando luz sobre a possibilidade de que a lenda tenha, de fato, uma base plausível.

Recentes achados fósseis reacenderam a hipótese de que o Monstro do Lago Ness poderia ser um descendente de plesiossauros, antigos répteis marinhos. Os plesiossauros eram répteis marinhos caracterizados por seus longos pescoços, pequenas cabeças e corpos robustos, que viveram há milhões de anos e foram extintos junto com os dinossauros, cerca de 65,5 milhões de anos atrás.

Tradicionalmente, acreditava-se que essas criaturas habitavam exclusivamente águas salgadas. No entanto, uma recente descoberta no deserto do Saara, na região de Marrocos, trouxe uma reviravolta a essa concepção. Pesquisadores das universidades de Bath e Portsmouth, no Reino Unido, encontraram fósseis de plesiossauros em um antigo sistema fluvial que data de 100 milhões de anos.

Isso indica que esses répteis poderiam sobreviver em água doce, algo que até então não era considerado possível. Os fósseis incluem dentes e ossos isolados, e, segundo o paleontólogo Nick Longrich, esses fragmentos sugerem a presença de várias dessas criaturas vivendo em rios e lagos de regiões interiores, um cenário que se alinha com a lenda do Lago Ness.

A primeira descoberta de um plesiossauro remonta a 1823, feita pela pioneira caçadora de fósseis Mary Anning, na costa sul da Inglaterra. Desde então, fósseis adicionais vêm ampliando nosso conhecimento sobre esses animais. A recente análise de dentes de plesiossauro mostrou sinais de desgaste acentuado, indicando que eles se alimentavam de “peixes blindados” — criaturas primitivas que habitavam os rios da África há cerca de 96 milhões de anos.

Os cientistas destacaram que os fósseis encontrados no Saara não pertencem a um único indivíduo, mas a vários plesiossauros diferentes. “Os ossos e dentes foram encontrados dispersos e em locais distintos. Isso mostra que temos mais de uma dúzia de indivíduos nesta coleção”, explicou Longrich. Ele acrescenta que, embora encontrar esqueletos completos seja raro, ossos isolados são igualmente valiosos para entender os ecossistemas do passado.

A nova pesquisa reacendeu o debate sobre o Monstro do Lago Ness. Embora os plesiossauros tenham sido extintos há milhões de anos, a possibilidade de que répteis semelhantes tenham sobrevivido em águas interiores como a do Lago Ness alimenta a imaginação de estudiosos e entusiastas. Segundo comunicado da Universidade de Bath, os dados mostram que a existência de plesiossauros em habitats de água doce torna a lenda “plausível em algum nível”.