Laysa Peixoto, uma jovem mineira de 22 anos, ganhou as manchetes recentemente ao anunciar a possibilidade de se tornar a primeira mulher astronauta brasileira. A promessa era de que ela voaria no voo inaugural da Titans Space, programado para 2029, após uma suposta seleção pela empresa. Contudo, há questionamentos significativos sobre a credibilidade da Titans Space, que não possui registro para voar, e sobre a viabilidade de um projeto tão ambicioso com um prazo tão curto, especialmente para uma empresa sem histórico de voos espaciais.

Além das incertezas sobre a Titans Space, a trajetória de Laysa também apresenta pontos que necessitam de maior clareza. Em uma entrevista ao g1 em 2022, a jovem afirmou ter realizado um curso de astronauta pela NASA, com o objetivo de ser a primeira mulher brasileira no espaço. No entanto, a Advanced Space Academy, embora vinculada à NASA, não oferece um treinamento oficial para se tornar astronauta da agência, mas sim simulações da rotina de um astronauta.

Na ocasião, a Agência Espacial Brasileira (AEB) parabenizou Laysa por sua participação na expedição 36 do treinamento, sem, no entanto, confirmar uma afiliação direta com a NASA. Em 2023, Laysa declarou à Forbes que liderava uma equipe da NASA em estudos de microgravidade. Essa iniciativa, na verdade, era parte da L’Space, uma instituição financiada pela NASA, mas que não faz parte da agência em si.

A L’Space confirmou a liderança de Laysa em uma equipe que desenvolveu uma proposta tecnológica para a NASA, mas esclareceu que o projeto não foi integrado à agência. A própria NASA negou qualquer vínculo empregatício ou de pesquisa principal com a jovem, afirmando: “Esta pessoa não é funcionária da NASA, pesquisadora principal ou candidata a astronauta.”

A L’Space explicou que, embora a equipe de Laysa não tenha recebido o financiamento inicial, sua proposta foi bem desenvolvida e considerada uma das melhores do semestre. Laysa participou de duas academias de estudos voluntárias na instituição, destinadas a estudantes universitários. A NASA reforçou que “o programa L’Space é um workshop para estudantes – não é um estágio ou emprego na NASA. Seria inapropriado alegar afiliação à NASA como parte dessa oportunidade”, desmistificando qualquer confusão sobre a natureza do programa.

Em seu posicionamento, Laysa confirmou a participação no programa L’Space, mas negou ter relacionado a oportunidade diretamente à NASA. Segundo a nota, “Durante sua formação, participou do programa NASA L’Space, aberto a jovens estudantes e profissionais da área, com objetivo de aprendizado de propostas tecnológicas para a NASA. Durante o curso, os alunos desenvolvem propostas de projetos de estudo, e o de Laysa Peixoto foi aceito – Project Investigator – AquaMoon, NPWEE, Proposal para a NASA”.

A empresa Titans Space, por sua vez, carece de experiência em voos espaciais. Seu projeto prevê a primeira decolagem tripulada em 2029, mas até o momento não houve testes de lançamento, e o veículo ainda é apenas um conceito, sem apresentação oficial.