Nova IA expõe esquema com mais de 1.000 revistas científicas fraudulentas e alerta cientistas
A partir de agora a ciência deverá ser tratada como um software.

Uma equipe de cientistas da computação da Universidade do Colorado em Boulder divulgou em 27 de agosto de 2025, na revista Science Advances, uma ferramenta de inteligência artificial capaz de identificar automaticamente periódicos científicos “questionáveis”, muitas vezes rotulados como predatórios. Esse tipo de publicação busca enganar pesquisadores, cobrando centenas ou até milhares de dólares para publicar estudos sem passar por uma revisão cuidadosa por pares.
A ferramenta de Inteligência Artificial foi treinada com dados do Directory of Open Access Journals (DOAJ), que desde 2003 sinaliza periódicos suspeitos com base em critérios rigorosos. A nova IA foi aplicada a cerca de 15.200 periódicos de acesso aberto; inicialmente, identificou mais de 1.400 possíveis casos problemáticos.
Submetida à análise de especialistas humanos, cerca de 350 publicações foram consideradas falsos positivos — ou seja, provavelmente legítimas — restando mais de 1.000 periódicos com indícios concretos de práticas questionáveis. A IA verifica aspectos como a existência de um conselho editorial composto por pesquisadores reconhecidos, frequência de erros gramaticais no site, volume anormalmente alto de artigos, alta autocitação pelos autores e número excessivo de filiações institucionais por autor.
Embora o sistema ainda não esteja disponível ao público em geral, os pesquisadores planejam disponibilizá-lo em breve para universidades e editoras. A proposta é que ele sirva como uma camada automatizada de proteção. A partir de agora a ciência deverá ser tratada como um software.