Novo estudo aponta tamanho do cérebro como responsável por Parkinson, TDAH e outros distúrbios
Cientistas acreditam que é possível identificar regiões do cérebro que podem ser maiores ou menores em pessoas com transtornos ou doenças

A chamada “frenologia” e a fisiognomia dos séculos XVIII e XIX nos proporcionaram inúmeros desastres humanitários com suas afirmações sobre as saliências do crânio e suas supostas ligações biológicas. Ultrapassada por reduzir a ação humana — um processo essencialmente social — a um aspecto genético ou ossificado, a frenologia foi considerada uma pseudociência, enquanto a fisiognomia restringiu significativamente seu objeto de estudo e suas possibilidades de afirmação.
Entretanto, tendências que tentam associar fenômenos sociais a aspectos do corpo — seja o crânio, o rosto, as mãos ou o cérebro — volta e meia surgem no campo científico como tentativas de comprovação diagnóstica imediata. Um exemplo disso é o presente estudo que, apesar de validado, necessita de um arcabouço social e cultural para sua ampla inteligibilidade.
Cientistas acreditam que é possível identificar regiões do cérebro que podem ser maiores ou menores em pessoas com transtornos ou doenças ligadas ao próprio cérebro. De acordo com novos estudos, o tamanho de determinadas áreas cerebrais pode fornecer pistas valiosas sobre as causas dos problemas, diferente de afirmar que o tamanho, por si só, é a causa, como propunham as limitadas pseudociências mencionadas anteriormente.
A descoberta de genes que controlam o crescimento ou o desenvolvimento anormal de determinadas regiões cerebrais se tornou a chave para elucidar fenômenos como o Parkinson, o TDAH e outros transtornos, ainda passíveis de maior investigação. A pesquisa envolveu quase 75 mil pessoas de ascendência europeia, analisando as variantes nas principais regiões do subcórtex.
A conclusão é que “Há fortes evidências de que o TDAH e o Parkinson têm uma base biológica, e essa pesquisa é uma etapa necessária para compreender e, eventualmente, tratar essas condições de forma mais eficaz”, conforme explica o professor de neurogenômica computacional do Instituto de Pesquisa Médica de Queensland, Miguel Rentería.
Contudo, é importante ressaltar que o estudo apenas identifica uma correlação entre o tamanho de determinadas regiões cerebrais e esses diagnósticos. Sem se atrever a fazer afirmações sobre a verdadeira causa dos sintomas, os pesquisadores destacam a necessidade de muitos outros estudos para estabelecer uma relação causal mais robusta e concreta.