Novo estudo descobre grave impacto de celulares por crianças
O uso prolongado de telas, sejam celulares, tablets ou TVs, pode provocar ansiedade, dificuldades de concentração e até problemas de sono

O início de 2025 promete trazer mais rigor em relação ao uso de celulares em sala de aula por crianças e adolescentes no Brasil. Em outubro, a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou um projeto que proíbe o uso de aparelhos nas escolas públicas e privadas. Agora, o texto aguarda análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Alguns estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, já contam com legislações específicas sobre o tema. Mesmo onde não há leis formalizadas, observa-se que diversas escolas têm adotado medidas para limitar ou proibir o uso de celulares por seus alunos.
Essa iniciativa ganha força com base em um relatório da Unesco, divulgado em 2023, que associa o uso excessivo de tecnologias a impactos graves e negativos no desempenho escolar e na saúde mental das crianças e jovens. Após a publicação do documento, 1 em cada 4 países já implementou medidas restritivas nas escolas, como Espanha e Portugal.
O uso prolongado de telas, sejam celulares, tablets ou TVs, pode provocar ansiedade, dificuldades de concentração e até problemas de sono. A neuropsicologia explica que a luz azul emitida pelas telas interfere na qualidade do descanso e que a exposição constante a estímulos pode dificultar o foco e levar ao isolamento social, prejudicando habilidades de interação e socialização.
Os efeitos das telas, no entanto, não se restringem apenas ao ambiente escolar. Diversos estudos vêm destacando outros impactos no comportamento e na saúde das crianças. Uma pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), realizada com crianças de 7 a 14 anos, apontou que jogar games ou assistir a vídeos à noite está associado ao consumo reduzido de alimentos saudáveis, como frutas e verduras, e ao aumento no consumo de ultraprocessados ricos em sal, açúcar e gordura.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia emitido um alerta em 2019, incentivando as crianças a “sentar menos e brincar mais”. A combinação de sedentarismo e uma alimentação baseada em ultraprocessados está diretamente ligada ao aumento da obesidade infantil e a uma série de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e dificuldades respiratórias. Esses problemas podem comprometer o futuro de uma geração inteira.
Apesar desse cenário, os especialistas acreditam que é possível encontrar equilíbrio. Mesmo com a presença constante das tecnologias, se pode adotar práticas mais saudáveis. Estabelecer limites diários para o uso de telas, reservar momentos livres de dispositivos, como antes de dormir.