Um novo estudo, publicado em 19 de maio na revista científica SLEEP, sugere que a procrastinação na hora de dormir em jovens adultos pode estar ligada a características de personalidade. A pesquisa associa esse comportamento a cinco fatores principais: neuroticismo, extroversão, abertura, amabilidade e conscienciosidade.

O estudo envolveu 390 participantes, com idade média de 24 anos, que responderam a um questionário diário sobre sua procrastinação do sono durante 14 dias. As perguntas também abordaram seus traços de personalidade e cronótipos – a tendência natural de ter mais disposição durante o dia ou a noite.

Os pesquisadores identificaram que o adiamento para dormir está relacionado a um maior neuroticismo, caracterizado por tristeza, estresse e instabilidade emocional. Por outro lado, a procrastinação noturna foi associada a uma menor conscienciosidade (que se refere a pessoas organizadas, responsáveis e disciplinadas) e a uma menor extroversão (maior sociabilidade).

Steven Carlson, psicólogo da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, e autor principal do estudo, explicou em comunicado que “indivíduos que procrastinam habitualmente a hora de dormir eram, na verdade, menos propensos a relatar a busca por atividades emocionantes, envolventes ou prazerosas”. Ele acrescentou que esses procrastinadores “relataram ter experiências emocionais consistentes com depressão, especificamente endossando uma tendência a vivenciar emoções negativas e a ausência de experiências emocionais positivas”.

Carlson destaca que a pesquisa aponta a saúde emocional como uma ferramenta fundamental para combater a procrastinação do sono. Segundo ele, o problema não se resume apenas a planejamento inadequado, baixa autodisciplina ou problemas de gestão do tempo, mas pode ter como causas “dificuldades em lidar com o afeto negativo e a ansiedade antes de dormir”.

O psicólogo expressa a expectativa de que a pesquisa possa ser expandida para determinar se a redução de emoções negativas antes de dormir pode ser um tratamento eficaz para a procrastinação do sono, dada a sua ubiquidade e impacto na saúde. A Academia Americana de Medicina do Sono recomenda que adultos durmam pelo menos 7 horas por noite, pois a regulação do sono promove a saúde. O estudo também ressalta que o adiamento para dormir está frequentemente associado ao uso de tecnologias antes do descanso noturno.