A anosmia é a condição conhecida pela perda completa do olfato e quem tem o diagnóstico respira diferente de quem consegue sentir cheiros, segundo revela a pesquisa publicada revista Nature Communications na última terça-feira (22).

O estudo conduzido pelo Departamento de Ciências do Cérebro do Instituto de Ciências Weizmann, em Israel, avaliou 21 pessoas que nasceram com o diagnóstico de anosmia e outras 31 de pessoas com o olfato normal. Vale ressaltar que a perda da habilidade de sentir cheiro já foi mencionada em estudos anteriores à depressão e ao risco de morte, a pandemia de covid-19 – doença relacionada a perda olfativa, por exemplo, também trouxe outras contribuições e questionamentos sobre esse sentido e a saúde.

Ainda durante a pesquisa, 53% dos entrevistados entre 16 a 22 anos afirmaram preferir perder a função olfativa ao invés de abrir mão de tecnologias como celulares e laptops. “Existe essa noção de que esse sentido é completamente sem importância, e ainda assim, se você o perde, muitas coisas ruins acontecem. Então parece um paradoxo”, disse Noam Sobel, coautor da pesquisa, ao jornal britânico The Guardian.

Por 24h os participantes usaram um dispositivo nas narinas que media o fluxo de ar ao acordar e dormir. Com isso, foi possível perceber que pessoas sem problemas olfativos faziam fungadas ao respirar, diferente dos indivíduos com anosmia. A hipótese levantada pelos pesquisadores diante desse resultado é a associação aos cheiros presentes no ambiente.

Para provar a hipótese, o passo seguinte foi colocar os participantes com olfato funcional em uma sala sem odores, revelando que as fungadas diminuíam nesse ambiente. A equipe também observou que as pessoas com asnomia, quando acordadas, pausavam mais a respiração e tinham menor fluxo de expiração (saída do ar do pulmão) em comparação com quem é capaz de sentir os cheiros. Além disso, durante o sono, o participantes saudáveis tinham maior pico de inalação por minuto.

Com isso, os fluxos de ar nasal são alterados em pessoas que não possuem olfato. Os dados foram inseridos em um algoritmo de aprendizagem de máquina e foi possível observar a capacidade de classificação se um participante tem ou não asnomia com até 83% de precisão.

Apesar disso, a pesquisa não foi capaz de provar se as alterações respiratórias em pessoas com asnomia ocasionam problemas de saúde e também não foi levado em consideração a respiração pela boca, e pessoas que perderam o olfato depois que nasceram.