Procrastinação: ciência explica como vencer o hábito de adiar tarefas
O atraso na realização de atividades não necessariamente indica preguiça. O problema esta no cérebro!

A procrastinação é um dos comportamentos mais comuns em todo o mundo. Pesquisas realizadas entre universitários indicam que 80% a 95% deles admitem procrastinar com frequência, um comportamento recorrente, especialmente quando consideramos as diferenças entre os participantes, como gênero, idade, escolaridade, cultura e ocupação.
É importante lembrar que procrastinar não significa apenas adiar algumas atividades, mas sim adiar intencionalmente tarefas que poderiam e deveriam ser feitas no presente, mesmo sabendo que não realizá-las causará ansiedade, culpa e estresse no futuro. Diante desse cenário, a tendência é atribuir o problema à preguiça ou à falta de comprometimento com atividades importantes. Por isso, na tentativa de resolver o problema, organizar o tempo, criar planilhas e fazer anotações são alguns recursos utilizados para colocar a rotina em dia.
Por outro lado, o problema é ainda mais sutil, pois o atraso nas atividades não está necessariamente relacionado à preguiça. A questão está no cérebro! Grande parte de nossa massa encefálica foi moldada para um estilo de vida primitivo. O chamado sistema límbico, responsável pelas emoções, impulsos sexuais e instinto de sobrevivência, é imediatista e prefere ações que trazem resultados e prazer no presente. Isso faz sentido em um contexto de sobrevivência diária, onde o foco é chegar ao final do dia, e não planejar férias para daqui a cinco meses.
Essa lógica também se aplica à procrastinação. Acessar o Instagram, jogar um jogo ou assistir a uma série na Netflix à 1h da manhã oferece doses instantâneas de dopamina, um neurotransmissor associado à motivação. Por outro lado, adiantar um trabalho, estudar para uma prova ou organizar uma bagunça são atividades que, além de desagradáveis, oferecem benefícios a longo prazo e, por isso, são frequentemente adiadas.
“Quando adiamos uma tarefa, não é a tarefa em si que estamos evitando, mas sim as emoções negativas que associamos a ela e que não conseguimos regular”, diz Fuschia Sirois, professora de psicologia da Universidade de Durham, no Reino Unido, estudante do tem há 20 anos. Com essa breve explicação biológica em mente, vejamos algumas estratégias para lidar com o problema. Primeiro, é importante recompensar os avanços graduais.
Você pode aplicar essa tática consigo mesmo: para cada etapa de uma tarefa concluída antecipadamente, se dê uma recompensa – uma pausa maior, um episódio de série, ou uma partida de seu jogo favorito. Técnicas de relaxamento também ajudam a reduzir a ansiedade em relação a uma tarefa. A mais conhecida é a meditação mindfulness. Da mesma forma, coletar o maior número de informações sobre uma tarefa difícil e planejar cada passo necessário para concluí-la ajuda a desmistificar os afazeres.
Por exemplo: em vez de apenas “estudar” – uma meta muito genérica e indefinida –, liste as etapas específicas do processo: “Ler tal capítulo, assistir a videoaulas, fazer os exercícios, tirar dúvidas”. Por fim, um alerta: para procrastinadores crônicos, é aconselhável buscar ajuda profissional. Abordagens como a TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental) têm se mostrado eficazes na redução do problema.