A relação das crianças com a tecnologia começa cada vez mais cedo. De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2023, uma em cada quatro já tem seu primeiro contato com a internet ainda na primeira infância. O uso de celulares e tablets se tornou uma parte comum da rotina, seja para entretenimento, aprendizado ou até mesmo para acalmar os pequenos. No entanto, especialistas alertam que a exposição excessiva às telas pode comprometer o desenvolvimento físico, cognitivo e emocional das crianças.

Durante a pandemia, a digitalização do ensino se tornou uma necessidade, e o aprendizado online foi necessário. O problema surge quando a tecnologia deixa de ser um complemento e passa a ocupar um espaço descontrolado no cotidiano infantil. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), crianças com menos de dois anos não devem ter acesso a telas, enquanto aquelas entre dois e cinco anos devem ser limitadas a no máximo uma hora por dia.

Entre seis e dez anos, o tempo recomendado sobe para duas horas diárias, mas sempre com equilíbrio. Um dos principais riscos do uso excessivo de telas na primeira infância é a dificuldade em distinguir o real do virtual. Crianças muito pequenas tendem a acreditar que o que veem na tela pode ser encontrado no mundo real, o que pode afetar sua percepção e aprendizado.

À medida que crescem, a necessidade de interação social se torna essencial, e o excesso de tempo diante das telas pode prejudicar habilidades fundamentais, como compartilhar, lidar com frustrações e desenvolver criatividade. Além dos impactos cognitivos e emocionais, os prejuízos físicos também são significativos. O contato prolongado com telas pode prejudicar a visão, aumentando o risco de miopia e outros problemas oculares.

Os efeitos sobre a saúde mental são igualmente preocupantes. As redes sociais, por exemplo, ensinam as crianças a consumir conteúdo em alta velocidade. Se algo não agrada, basta deslizar o dedo para o próximo vídeo. Essa lógica pode afetar a forma como lidam com a realidade, tornando-as mais ansiosas e menos tolerantes a frustrações.